quinta-feira, 26 de novembro de 2015

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Maomé é citado na Bíblia?

O Islamismo não é tão diferente quanto você imagina

Mohammad na tradição bíblica:




Muhammad na Bíblia
Por Dr. Jamal Badawi
"Aqueles que seguem o Apóstolo, o Profeta iletrado, a quem eles acham  mencionado em sua Tora e no Evangelho..."
(Alcorão 7:157)
1. As Profecias Bíblicas sobre o Advento de Muhammad
Abraão é amplamente respeitado como o Patriarca do monoteísmo e o pai comum de judeus, cristãos e muçulmanos. Através de seu segundo filho, Isaac, vieram todos os profetas, inclusive os mais proeminentes, como Jacó, José, Moisés, Davi, Salomão e Jesus. Que a paz e a bênção de Deus estejam sobre todos eles. O advento desses grandes profetas foi um cumprimento parcial das promessas de Deus, de abençoar as nações da terra através dos descendentes de Abrão (Gênesis 12:2.3). Este fato é sinceramente aceito pelos muçulmanos, cuja fé considera a crença e o respeito a todos os profetas um artigo de fé. 
2. As Bênçãos de Ismael e Isaac
Estaria o primogênito de Abraão (Ismael) e seus descendentes incluídos no pacto e na promessa de Deus? Alguns versículos da Bíblia podem ajudar a esclarecer  um pouco esta questão:
1) Gênesis 12:2-3 fala da promessa de Deus a Abraão e seus descendentes antes que qualquer filho seu nascesse.
2) Gênesis 17:4 reitera a promessa de Deus após o nascimento de Ismael e antes do nascimento de Isaac.
3) Gênesis, cap. 21 Isaac é especialmente abençoado, mas Ismael, a quem Deus prometeu transformar em uma "grande nação", também é especialmente abençoado, principalmente em Gênesis 21:13, 18.
4) De acordo com Deuteronômio 2l:15-17, os direitos e privilégios tradicionais do primogênito não podem ser alterados por causa do "status" de sua mãe (seja uma mulher livre, como Sara, a mãe de Isaac, ou uma escrava, como Hagar, a  mãe de Ismael). Este fato, apenas confirma os princípios humanitários e morais de todas as crenças reveladas.
5) A legitimidade completa de Ismael como filho e "semente" de Abraão, e a legitimidade completa de sua mãe, Hagar, como esposa de Abraão, estão claramente declaradas em Gênesis 21:13 e 16:3.
Depois de Jesus, como o último profeta e mensageiro israelita, chegou a hora de a promessa de Deus, de abençoar Ismael e seus descendentes, ser cumprida.
Menos de 600 anos anos depois de Jesus, chegou o último mensageiro de Deus, Muhammad, da descendência de Abraão, através de Ismael. As bênçãos de Deus  sobre os dois principais ramos da árvore genealógica de Abraão estavam agora cumpridas. Mas, haverá outras provas que corroborem o fato de que a Bíblia, na verdade, predisse a chegada de Muhammad?
3. Muhammad: O Profeta como Moisés
Muito tempo depois de Abraão, a promessa de Deus de enviar um tão esperado Mensageiro foi repetida, desta vez nas palavras de Moisés.
Em Deuteronômio 18:18, Moisés assim falou sobre o profeta a ser enviado por Deus:
1) Dentre os familiares dos israelitas, numa clara referência aos seus primos ismaelitas porque Ismael era o outro filho de Abraão, a quem foi prometido, explicitamente, se tornar uma "grande nação".
2) Um profeta como Moisés. Jamais houve dois profetas tão semelhantes entre si como Moisés e Muhammad. Ambos receberam um extenso código legal de vida, ambos enfrentaram seus inimigos e foram vencedores de forma miraculosa, ambos eram aceitos como profetas/autoridades e ambos migraram em razão de conspirações para assassiná-los. As analogias entre Moisés e Jesus deixam passar, não somente essas semelhanças mas, também, outras importantes (por exemplo, o nascimento natural, vida familiar e morte de Moisés e Muhammad, mas não de Jesus, que era respeitado por seus seguidores como o Filho de Deus e não como um mensageiro de Deus, exclusivamente, como Moisés e Muhammad o eram e como os muçulmanos acreditam que Jesus era).
4. O Profeta Esperado tinha que Vir da Arábia
O Deuteronômio 33:1.2 combina as referências a Moisés, Jesus e Muhammad.
Fala de Deus (isto é, da revelação de Deus) chegando do Sinai, surgindo de Seir (provavelmente a cidade de As'ir, próxima a Jerusalém) e brilhando além de Paran. De acordo com Gênesis 2l:2l, o deserto de Paran era o lugar onde Ismael acampou (isto é, a Arábia, especificamente Macca).
Na verdade, a versão da Bíblia do Rei James, menciona os peregrinos passando pelo vale de Ba'ca (um outro nome de Macca) nos Salmos 84:4-6.
Isaías 42:1-13, fala do amado de Deus. Seu eleito e mensageiro que trará a lei a ser aguardada nas ilhas e que "não fracassará nem desanimará até que ele tenha fixado o julgamento sobre a terra." O versículo 11, liga aquele mensageiro aguardado aos descendentes de Ke'dar. Quem é Ke'dar? De acordo com o Gênesis 25:13, Ke'dar era o segundo filho de Ismael, o antepassado de Muhammad.
 
5. Estaria a Migração de Muhammad de macca para Medina
Profetizada na Bíblia?
Habakkuk 3:3 fala de Deus (ajuda de Deus) vindo de Te'man (um oásis ao norte de Medina, de acordo com o Dicionário da Bíblia deJ. Hasting) e do santo (vindo) de Paran. Aquele santo, que, sob perseguição, migrou de Paran (Macca) para ser recebido entusiasticamente em Medina, não era outro senão o profeta Muhammad.
Na verdade, o incidente da migração do profeta, e de seus seguidores perseguidos, está descrito com todas as cores em Isaías 21:13-17, assim como profetiza a batalha de Badr, na qual uns poucos fiéis desarmados, milagrosamente derrotaram os poderosos de Ke'dar, que queriam destruir o Islam e intimidar seus próprios companheiros, que se voltavam para o Islam.
6. O Nobre Alcorão foi Profetizado na Bíblia?
Durante 23 anos, as palavras de Deus (o Alcorão) foram sendo postas na boca de Muhammad. Ele  não foi o autor do Alcorão. O Alcorão foi ditado a ele pelo Anjo Gabriel, que pedia que Muhammad simplesmente repetisse as palavras, conforme ele as ia ouvindo. Estas palavras foram, então, guardadas na memória e escritas por aqueles que as ouviram durante a existência de Muhammad, e sob sua supervisão.
Seria, então, uma coincidência, que o profeta "como Moisés", da "família " dos israelitas (isto é, dos ismaelitas), fosse também descrito como aquele, em cuja boca Deus poria suas palavras, e que falaria em nome de Deus? (Deuteronômio 18:18) Também teria sido coincidência que o "Paracleto" , cuja chegada Jesus profetizou, fosse descrito como aquele que "não falar´ por ele, mas por aquilo que ele ouvirá, que ele falará ..."? (João 16:13)
Teria sido uma outra coincidência, que Isaías fizesse a conexão entre o mensageiro, ligado a Ke'dar, e uma nova canção (uma escritura numa nova língua) para ser cantada pelo Senhor? (Isaías 42:10-11). Mais explicitamente,  Isaías profetiza "com lábios balbuciantes, e uma outra língua, falará a seu povo" (Isaías 28:11). Este último versículo, descreve corretamente os "lábios balbuciantes" do Profeta Muhammad, refletindo o estado de tensão e concentração que ele atingiu durante o tempo da revelação. Um outro ponto é que o Alcorão foi revelado em pequenas doses, durante 23 anos. É interessante comparar este fato com Isaías 28:19, que fala a mesma coisa.
6. Aquele Profeta, o Paracleto, Muhammad
Na época de Jesus (a paz esteja sobre ele), os israelitas ainda esperavam por aquele profeta como Moisés, conforme profetizado em Deuteronômio 18:18. Quando João Batista chegou, foi-lhe perguntado se ele era o Cristo e ele respondeu "não". Então lhe perguntaram se era Elias, e ele lhes disse que "não". Então, numa aparente referência ao Deuteronômio 18:18, lhe perguntaram "Você é aquele Profeta?" e João respondeu que não (João 1:19-21).
No Evangelho segundo João (capítulos 14, 15, 16), Jesus falou do "Paracleto", ou o consolador, que chegaria depois dele, que seria enviado pelo pai como um outro Paracleto, que ensinaria novas coisas que os contemporâneos de Jesus não podiam entender. Ainda que o Paracleto seja descrito como o espírito da verdade, (cujo significado lembra o famoso título de Muhammad, Al-Amin, o honrado), ele é identificado em um único versículo como o Espírito Santo (João 14:26).
Contudo, tal designação é inconsistente com o perfil daquele Paracleto. Nas palavras do Dicionário da Bíblia (Ed. J. Mackenzie), "Estes itens, deve-se admitir, não são um quadro completamente coerente."
Na verdade, a história nos fala que muitos dos primeiros cristãos entendiam que o Paracleto era um homem e não um espírito. Isto talvez explicasse porque respondiam àqueles que reivindicavam, sem encontrar o critério estipulado por Jesus, ser ele o esperado "Paracleto".
O Profeta Muhammad (que a paz esteja sobre ele) foi o Paracleto., o Consolador, o socorredor, o admoestador enviado por Deus após Jesus. Ele testemunhou sobre Jesus, ensinou novas coisas que não poderiam ter sido ensinadas no tempo de Jesus, falou o que ele ouvia (revelação), habita entre os crentes (através de seus ensinamentos preservados). Tais ensinamentos permanecerão para sempre, porque ele foi o último mensageiro de Deus, o único Mensageiro Universal a unir toda a humanidade ao abrigo de Deus e no caminho da verdade PRESERVADA.
Ele falou sobre muitas coisas que estariam por vir nos mínimos detalhes, sobre o critério dado por Moisés para distinguir entre os falsos e os verdadeiros profetas (Deuteronômio 18:22). Ele reprovou o mundo do pecado, falou sobre a justiça e o julgamento (João 16:8-11).
7. A Mudança da Liderança Religiosa Foi Profetizada?
Após a rejeição do último profeta israelita, Jesus, já era tempo de que a promessa  de Deus, de fazer de Ismael uma grande nação, fosse cumprida (Gênesis 21:19, 18).
Em Mateus 21:19-21, Jesus falou da figueira sem frutos (um símbolo bíblico de herança profética) a ser liberada, após ter sido dada uma última chance de três anos (a duração do ministério de Jesus) para dar frutos. Em um versículo posterior, no mesmo capítulo, Jesus disse: Em verdade, vos digo: o reino de Deus será tomado de vós e entregue a uma nação que produzirá o fruto a partir daí."
(Mateus 21:43). Aquela nação dos descendentes dos ismaelitas (a pedra rejeitada em Mateus 21:42), que venceu todos os super-poderes de seu tempo, conforme profetizado por Jesus: "E quem quer que caia sobre esta pedra se quebrará, mas sobre quem ela cair, pulverizar-se-á." (Mateus 2l:44).
8. Coincidência?
Será possível que as numerosas profecias aqui citadas estejam, individualmente ou combinadas, no contexto das interpretações erradas? Será o contrário verdade, isto é, que tais versículos raramente estudados se encaixam e, consistente e claramente, apontam para o advento do homem que mudou o curso da história humana, Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele)? Será razoável concluir que todas essas profecias, que aparecem em diferentes livros da Bíblia, e ditas por vários profetas, em épocas diferentes, fossem todas coincidência? Se assim for, eis aqui uma outra estranha "coincidência"!
Um dos sinais do profeta que chegará de Paran (Macca),éé que ele virá "com 10.000 santos" (Deuteronômio 33:2 KJV). Este era o número de fiéis que acompanharam o Profeta Muhammad a Paran (Macca), em seu retorno vitorioso, sem derramamento de sangue, à sua terra natal, para destruir os símbolos remanescentes da idolatria na Ka'bah.
Caro Leitor:
Possa a luz da verdade brilhar em seu coração e mente. Que possa levá-lo no caminho da paz e da certeza nesta vida, e da felicidade eterna no Além.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Comemoração do Eid Al Fitr - O Final de Ramadã

Neste 17 de julho de 2015 comemoramos o final de Ramadã com uma reza emocionante e um café da manhã delicioso:

Apresentação da Mesquita de Santo Amaro durante o Takibiratil 'Id, a reza do final de Ramadã:


quinta-feira, 16 de julho de 2015

Eid Al Fitr - Festa de Fim do Ramadã

O final do mês de Ramadã é celebrado com uma festa em comunidade:

Dia de visitar a mesquita e celebrar os esforços e conquistas do mês de jejum.


O Ramadã é considerado o mês mais alegre do ano, que termina com a maior celebração de todas: a quebra do jejum, Eid al-Fitr. Em todo o mundo, os muçulmanos celebram com luzes e decorações.
Celebra-se no primeiro dia do mês de Shawwal, o décimo mês do calendário islâmico.
O Eid começa com uma oração comunal no meio da manhã, realizada a princípio nas mesquitas, porém pode ser realizada em praças ou nas casas, quando o espaço nas mesquitas não for suficiente.
Antes do início da oração a congregação recita o Takbir, uma prece que glorifica a grandeza de Deus. Depois da oração segue-se um sermão (khutba) e uma oração especial que pede perdão e ajuda a todos os muçulmanos do mundo.
É tradição a realização de um grande almoço (o primeiro almoço que os muçulmanos tomam após o jejum diurno de um mês), geralmente na casa de um parente mais velho. É tradição, também, em alguns países árabes, as pessoas trocarem presentes entre si.
O primeiro Eid al-Fitr foi celebrado em 624 pelo profeta Muhammad e seus familiares e amigos em regozijo pela vitória na Batalha de Badr.
Durante a celebração, as pessoas vestem suas melhores roupas, decoram suas casas com luzes, proporcionam divertimento às crianças e visitam os amigos e a família.
Para muitas pessoas, um senso de generosidade, de gratidão e de boas maneiras é o principal tema do Eid al-Fitr e são muito importantes para o Ramadã. O mês sempre consistirá no auxílio dos muçulmanos na alimentação dos pobres e nas contribuições para suas mesquitas.
Quando os muçulmanos terminam o mês do jejum, partem com muitos benefícios que o Ramadã deixa para trás.
De acordo com a tradição muçulmana, o Ramadã:
  • Fortalece o vínculo da pessoa com Alá e educa a alma a observar as obrigações de devoção de acordo com os ensinamentos do Alcorão;
  • Impõe paciência e determinação;
  • Desenvolve o princípio da sinceridade, afastando o ser individual da arrogância e da vaidade;
  • Desenvolve o bom caráter, em especial a honestidade e a confiança;
  • Encoraja o indivíduo a deixar os maus hábitos e mudar suas circunstâncias para melhor;
  • Intensifica a generosidade, a hospitalidade e o dom da caridade;
  • Reforça os sentimentos de unidade e irmandade entre os muçulmanos;
  • Suscita ordem e cumprimento rigoroso dos valores do período;
  • Serve como uma oportunidade para as crianças executarem a obediência e praticarem as leis islâmicas de adoração;
  • Oferece a chance de equilibrar a atenção da pessoa tanto para as necessidades físicas como para as espirituais.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Noite do Decreto

As dez últimas noites do mês de Ramadã:


(Vídeo explicativo sobre a importância deste período)



Dentro da tradição islâmica as últimas dez noites do mês de Ramadã são as mais importantes e abençoadas de todo o ano. O motivo: em uma destas noites o profeta Mohammad (Maomé) recebeu a visita do arcanjo Gabriel pela primeira vez, no ano de 610 d.C. Nesta noite foram revelados os cinco versículos que comporiam mais tarde a surata (capítulo) 96 do Alcorão, chamado "O Coágulo" (Al Alac). Nestes versículos Deus diz a Mohammad: "Recita, em nome do do teu Senhor que criou, criou o homem de um coágulo. Recita, que o teu Senhor é Generosíssimo. Que ensinou através do cálamo. Ensinou ao homem o que este não sabia".

A partir desta revelação Mohammad se tornou o profeta do Islamismo. Nos próximos 23 anos ele será o guia da Nação muçulmana e daí para sempre será reconhecido como um ser humano abençoado e escolhido por Deus como o último profeta enviado aos seres humanos.
Na surata 97 Deus revela a Mohammad o verdadeiro significado desta "Noite do Decreto": "Sabei que revelamos o Alcorão na Noite do Decreto. E o que te fará entender o que é a Noite do Decreto? A Noite do Decreto é melhor do que mil noites. Nela descem os anjos e o Espírito (Anjo Gabriel), com a anuência do teu Senhor, para executar todas as Suas ordens. Ela é paz até o romper da aurora".
Por estes motivos estas últimas dez noites devem ser reservadas a uma dedicação ainda maior de todos os muçulmanos. Eles que vêm cumprindo o Ramadã e seu jejum devem redobrar seus esforços e sua caridade nestes últimos dias

No calendário gregoriano este período será entre 07 e 17/07/2015.


segunda-feira, 29 de junho de 2015

Por que os Muçulmanos jejuam neste Mês?

Jejum de Ramadan (Saum)
Vídeo explicativo no final


Uma outra característica moral e espiritual do Islã é a instituição prescrita do jejum. Na sua definição literal, o Jejum significa abstinência completa de comer, beber, ter relações íntimas, e fumar no espaço de antes da alvorada até o pôr do Sol, durante todo o mês de Ramadã que é o nono mês do ano Islâmico. Mas seria um grave erro restringir o sentido do jejum Islâmico a essas definições literais.

Ao introduzir esta instituição sem par, o Islã plantou uma arvore de virtude infinita e frutos inestimáveis. Eis algumas explicações do significado espiritual do Jejum Islâmico.

1. Ensina ao homem o princípio do amor sincero porque se este respeitar o Jejum, provará o seu amor profundo a Deus. E quem ama Deus sinceramente sabe deveras o que é o amor.
2. Confere ao homem um sentido criador de Esperança e uma atitude otimista perante a realidade; porque fazendo Jejum, este espera agradar a Deus e procura a Graça d’Ele.
3. Dá ao homem uma genuína virtude de devoção ofensiva, de honesta dedicação e aproxima-o de Deus; porque é por Deus e por amor d’Ele que o homem faz Jejum.
4. Cultiva no homem uma consciência vigilante e sã; porque a pessoa faz Jejum em privado assim como em publico. Com respeito ao Jejum, nomeadamente, não há nenhuma autoridade mundana a controlar o comportamento da pessoa ou a obrigá-la a respeitar o Jejum. Esta faz Jejum para agradar a Deus e satisfazer a sua consciência de crente, em particular e em publico. Não existe melhor método para cultivar uma consciência sã.
5. Incentiva no homem a paciência e o altruísmo; porque, ao fazer Jejum, a pessoa sente o sofrimento da privação, mas resiste com paciência. É verdade que essa privação é só temporária; no entanto, sem duvida nenhuma é uma experiência que faz com que a pessoa compreenda o grave efeito deste sofrimento nos que talvez careçam dos bens essenciais durante dias ou semanas e alguns até meses inteiros. O sentido social e humanitário desta experiência é fazer com que essa pessoa simpatize com os seus sentimentos e satisfaça as necessidades deles mais depressa do que qualquer outra. E esta é uma expressão eloquente de altruísmo e verdadeira simpatia.
6. É uma verdadeira lição de aplicação da moderação e força de vontade. Quem fizer Jejum corretamente pode com certeza disciplinar os seus desejos apaixonados e colocar o seu ser acima das tentações físicas, Tal é o homem de personalidade e caráter, de vontade e determinação fortes.
7. Dá ao homem uma alma transparente para transcender, uma mente clara para pensar e um corpo leve para se mover e agir. Tudo isso é o resultado infalível dum estomago leve, o que tem sido comprovado pelas instruções medicas, regras biológicas e experiência intelectual.
8. Ensina ao homem uma nova maneira de fazer poupança judiciosas e planificar corretamente os gastos; porque a redução de comida e das refeições implica normalmente poupança de dinheiro e energia. É um curso espiritual de economia domestica e planificação dos gastos.
9. facilita ao homem o domínio da arte da adaptabilidade madura. Podemos compreendê-lo facilmente se notarmos que o Jejum faz mudar inteiramente o curso da vida diária. Por causa desta mudança, o homem adapta-se naturalmente a um novo sistema e reage para corresponder as novas condições. Com o tempo, desenvolve-se nele um judicioso sentido de adaptabilidade e uma força espontânea de superar as dificuldades imprevista da vida. Quem apreciar a adaptabilidade construtiva e a coragem avaliara desde já os efeitos do Jejum a esse respeito.
10. Cultiva no homem a disciplina e a sobrevivência saudável. Ao respeitar o curso regular do Jejum nos dias seguidos do mês sagrado e nos meses sagrados ano após ano, a pessoa submete-se com certeza a uma alta forma de disciplina e a elevado sentido da ordem. Da mesma maneira, ao aliviar o estomago, relaxando o aparelho digestivo, a pessoa assegura não apenas o corpo mas também a alma, contra o perigo resultante dum estomago sobrecarregado. Ao relaxar-se desta maneira, o homem assegura-se de que seu corpo vai sobreviver longe das perturbações e desordens habituais, e a sua alma não deixara de brilhar em paz e pureza.
11. Cria no homem o verdadeiro espírito de dedicação social, de unidade, fraternidade e de igualdade perante Deus assim como perante a Lei. Tal espírito emana naturalmente do fato da pessoa que Jejua sentir que pertence a sociedade muçulmana toda (Ummah), por cumprir o mesmo dever da mesma maneira e ao mesmo tempo, pelas mesmas razões e com o mesmo intuito. Nenhum sociólogo poderá afirmar ter existido em qualquer período da historia alguma coisa comparável a esta notável instituição do Islã.
12. É uma prescrição divina para readquirir a confiança em si próprio e exercer o auto-controle, para assegurar a vitória e a paz. Estes resultados nunca deixam de ser manifestar como viva realidade na alma de quem saber fazer o Jejum. Se o fizer corretamente, a pessoa poderá controlar-se, comandar totalmente as sua paixões, disciplinar os seus desejos e resistir a todas as tentações do mal. Por conseqüência, será capaz de readquirir a confiança em si próprio, de recuperar a dignidade e integridade e de se libertar do cativeiro do mal. Obtendo isso tudo, a pessoa consegue a paz da alma, que é a fonte da paz permanente com Deus, e portanto com todo o Universo.


sábado, 24 de janeiro de 2015

Controle da Natalidade no Islamismo


Controle da Natalidade
Antes de falarmos sobre controle de natalidade no Islã devemos lembrar o que norteia o pensamento de um muçulmano: sua fé irrestrita em Allah, o Criador e Sustentador do universo. Sabemos que a criação de Deus é equilibrada e proporcional, Ele sabe melhor os recursos necessários para o sustento de suas criaturas, então o argumento dos descrentes como a necessidade de controlar a população mundial devido à escassez de recursos para alimentação ou espaço para habitação não é válida para os muçulmanos. Deus possibilitou ao homem a capacidade de raciocínio, com isso aumentando os meios de produção e distribuição de alimentos através de desenvolvimentos técnicos e transportes modernos. A falta de alimentos no mundo não é real mas sim aparente, baseando-se em pré-supostos fictícios.
O Islã encoraja o casamento e reprova o celibato, sendo a reprodução um dos objetivos da união entre homens e mulheres.Outro objetivo do casamento é a satisfação sexual, por tanto o 'Azl (interrupção do coito) é permitido, onde ambos satisfazem suas paixões carnais evitando a concepção.
O alcorão não faz nenhuma menção direta sobre esse assunto porém consta no Al Bukhari e Musslim um hadice em que Jabir(raa) narra que praticava o 'Azl e o Profetatinha sido informado disso, não tendo proibido tal prática. Essa prática é permitida somente com o consentimento da mulher, isso é unânime entre os quatro grandes a'uma.



Há motivos válidos para essa prática como por exemplo: no caso da saúde física e mental da mulher ser afetada ou quando a mulher precisa de um intervalo entre as gestações para recuperar seu organismo, é recomendado um intervalo de aproximadamente 2 anos e meio entre as gestações para que a mãe possa alimentar com o leite materno e dar a devida atenção à criança. O Profeta era contra a mulher engravidar no período da amamentação, chamava isso de Al-Ghailah, isto é, assalto à criança.
“Com dificuldade sua mãe o carrega durante a gestação e, posteriormente com dificuldade lhe dá à luz. E da sua concepção até a sua ablactação há um espaço de trinta meses.” (Sura: 46, versículo 15)
É igualmente permitido recorrer a métodos anticonceptivos quando os tempos são mal e impera a corrupção. (Raddal Mukhtar).
Quando o casal não está bem e corre um risco de separação é aconselhado que a mulher não engravide. Havendo risco de alteração genética hereditária, é melhor evitar a procriação.
Caso o marido pense que sua esposa não saberá educar corretamente os filhos pode evitá-los, afinal o islam estimula uma geração de bons muçulmanos, bem gerados e bem criados para que pertençam ao grupo dos virtuosos que protegem o islam de seus inimigos!
O Azl foi o único método contraceptivo praticado na época do Profeta, por isso há controvérsias sobre os métodos anticonceptivos modernos, mas é certo que qualquer método utilizado pela mulher deve ter o consentimento de seu marido. A mulher também não pode prevenir a gravidez por questões estéticas, nem usar um método que seja prejudicial à sua saúde.
Imam e jurista Ibn Taimiyah Al-Hambali diz que por haver divergências entre os 'Ulama quanto ao selar o útero, quer dizer, não permitir a chegada do espermatozóide ao útero, então o mais prudente é não recorrer a tais métodos (selar a abertura do útero pode ser feito com métodos de barreira, como preservativos, diafragmas , DIU ou ainda métodos químicos, como é o caso da pílula).
Ibn Abidin Ash-Shami considera permissível selar a abertura do útero.
Ibn Nujaim, o jurista Hanafi está de acordo com a permissão de selar a entrada do útero desde que o marido concorde com isso e não haja prejuízo na saúde da mulher, isso nos alerta para o uso das pílulas pois sabemos que muitas delas têm graves efeitos colaterais que prejudicam a saúde feminina.
Cirurgias para esterilização são proibidas, tanto para o homem quanto para mulher, salvo se a mulher possui algum problema de saúde grave como câncer no aparelho reprodutivo, então ela pode fazer a cirurgia para retirada do órgão pois há prioridade na vida já existente.
A castração é uma alteração na criação de Deus e isto é considerado haram!
O islam aceita os métodos anticoncepcionais temporários desde que estes apresentem uma justificativa lícita.
Outra divergência existente é sobre evitar os filhos por questões financeiras. Alguns consideram isso falta de fé, uma vez que o nosso sustento vem de Deus, porém todas as criaturas têm que realizar um esforço para seu sustento e não é certo deixar um filho passar privações. Não é permitido evitar a gravidez devido a campanhas governamentais, Allah é nosso legislador e um governo secular não tem o direito de interferir em uma decisão de cunho íntimo e pessoal.
“E não existe coisa alguma cujos tesouros não estejam em Nosso poder, e não os enviamos, senão proporcionalmente.” (Sura: 15, versículo: 21)
A mentalidade islâmica se difere da maneira de pensar das outras culturas, não podemos nos deixar levar por falsos argumentos de planejamento familiar usado pelos governos usurpadores dos direitos divinos, sabemos que os recursos necessários para nossa sobrevivência vêm de Allah e Ele não está desatento às suas criaturas.
“Ele criou todas as coisas e determinou-as na medida certa.” (Sura: 25, versículo: 2)
No islam o melhor planejamento familiar é o baseado nos recursos, devendo-se sempre primar pela justiça e honestidade no seu uso e distribuição. Todo ser humano se for convenientemente educado é susceptível a criar mais riquezas do que as que ele necessita para sua subsistência, podendo dar mais do que aquilo que os seus pais nele investiram. A falta de recursos que encontramos em determinadas regiões é um fator social, onde as grandes potências exploram as regiões mais pobres, deixando-as em estado de miséria! Países ricos jogam fora grandes quantidades de alimentos para manter seus preços satisfatórios para o enriquecimento de poucos! Não podemos nos deixar enganar pelas falsas propagandas feitas pelos governos injustos sobre a falta de recursos naturais. Uma sociedade que deixa de procriar demonstra que deixou de ser criativa e produtora. Os que advogam o controle de natalidade tendo por base a explosão demográfica, querem manter intacta a organização sócio-econômica de uma sociedade injusta, ao invés de eliminarem os privilégios, baixando os níveis de ostentação, propõe ao povo o controle da natalidade.
Esse controle quando praticado como política nacional também contribui para enfraquecer os laços entre o casal, as crianças constituem um meio de reforço entre marido e esposa, em geral casais que não procriam acabam se separando.
Allah é o melhor conhecedor dos métodos para o controle populacional no mundo, as guerras, que sempre existiram e continuarão até que haja justiça e as catástrofes naturais são maneiras de controle, por isso é desnecessária a preocupação com a densidade demográfica. O muçulmano deve fortalecer seu iman, educar bem seus filhos para que o número de indivíduos na sociedade islâmica se expanda, em quantidade e qualidade, para que o inimigo volte a nos temer e o islam retome o controle político-social em suas terras. Não devemos ter medo de gerar filhos e sim temer a desobediência a Allah, o Soberano sobre todas as coisas!
Observações Relacionadas à Natalidade:
Infertilidade:
Nos casos de infertilidade pode-se procurar auxílio da medicina para ajudar nessa questão, o Profeta estimulava as pessoas a procurarem cura para suas doenças. Pode-se optar por cuidar de um órfão embora a adoção legal no islam não seja permitida pois isso acarreta em alguns problemas: o filho adotivo não é mahram de sua tutora, então quando essa criança atinge a puberdade a mulher deve cobrir-se com o hijab, a mesma coisa se dá para a menina, quando ela atinge a puberdade deve-se cobrir na frente de seu guardião. Outro problema é em relação à herança, o filho adotivo não tem direito legal sobre ela mas seus tutores podem fazer um testamento para a criança adotada desde que este não exceda um terço das propriedades. Também pode haver casamento com seu irmão adotivo. O cuidado com o órfão é uma ótima caridade mas não existe uma mudança de paternidade no islam, a criança deve saber sua condição de órfã e sua verdadeira paternidade.
Inseminação Artificial:
É uma técnica permitida desde que o esperma utilizado seja do próprio marido.Para se conseguir o esperma o homem passa pela masturbação o que é considerado haram porém Allah, o Sapiente, permite certas coisas que em situações normais são proibidas, isso para se alcançar objetivos mais elevados, nesse caso esse ato é realizado não para aquisição de prazer mas sim na tentativa de resolver os problemas da infertilidade, uma vez que o nascimento de uma criança fortalece os laços do casamento.
Os bancos de esperma são proibidos no islam, pois isso causa problemas quanto à paternidade da criança, uma mulher não pode usar o sêmen de seu marido quando esse morre, pois ao morrer o casamento se desfaz.
Clonagem:
A clonagem de plantas e animais é permitida caso seu uso seja para benefício do ser humano, com fins medicinais.O Profeta disse; “Oh servos de Deus, procurai o tratamento, porque Deus não enviou nenhuma doença sem que enviasse também a cura.”   
A clonagem de seres humanos é proibida pois seus fins não são lícitos, como por exemplo alterações genéticas visando o prolongamento da vida, uma vez que sabemos que o detentor da vida e morte das pessoas é Allah ou busca de fama pelos cientistas. A extensão da clonagem para seres humanos criará problemas morais e sociais extremamente complexos e intratáveis sendo por isso considerado haram. O uso desse meio para criação de filhos é diferente do método natural que Deus instituiu para procriação, isso pode gerar filhos sem a intervenção do pai, o que iria gerar um desequilíbrio social. A clonagem também pode gerar preconceitos contra aqueles que não têm as características genéticas “superiores”.
Mães de Aluguel:
São aquelas que introduzem em seu ventre o óvulo fecundado de outra mulher por essa apresentar incapacidade para gerar um filho devido a algum problema no útero.Esse óvulo pode ser fecundado com o sêmen do próprio marido, por inseminação “in vitro(bebê de proveta)” e introduzido no útero da “mãe de aluguel” a qual apenas sustenta o feto da outra mulher. O islam não aceita esse método, isso é considerado haram. O corpo que Deus nos deu é um “amánah” (está confiado a nós, prestaremos contas a respeito de seu uso), então não podemos alugar aquilo que não nos pertence de fato.
Diz no alcorão sagrado: “Suas mães não são senão aquelas que os deram à luz.” (Sura: 58, versículo: 2), nessa passagem fica clara a proibição de úteros de aluguel. Esse fato é bem diferente do aleitamento feito por uma outra mulher que não a mãe biológica, onde a criança é apenas nutrida e não gerada por outra, mesmo assim a ama de leite é considerada mãe da criança que ela alimentou ficando proibido o casamento entre irmãos de leite.
Na prática, no aluguel de útero encontramos mais problemas do que benefícios tornando-se ilícita sua prática. Alguns desses problemas:
É contra o processo natural de procriação feito por Deus.
A experiência da gravidez fica desvalorizada e a mulher pode-se sentir como um objeto, uma mera incubadora, o que pode acarretar desvios emocionais.
Jovens alugarão seus úteros com finalidades de ganho financeiro, gerando transtornos para o casamento e transformando a mulher em objeto de comércio.
A mãe de aluguel poderá reclamar seus direitos sobre a criança gerada.
Confusão nas relações consangüíneas.
Fertilização Após a Morte do Marido:
Os teólogos são de opinião de que a fertilização póstuma pelo esperma congelado do marido é haram, pois quando há morte o laço de casamento se desfaz, então se a mulher deixar-se fertilizar por esse sêmen estará cometendo zina.
O Aborto:
É quando ocorre a interrupção voluntária ou involuntária da gravidez, pode ser espontâneo ou decorrentes de ferimentos físicos ou alterações internas, pode ainda ocorrer devido a intervenção humana e isso pode ser feito antes da alma ser soprada no feto ou depois(a alma é soprada no feto aos 4 meses de gestação).Vamos abordar aqui o aborto feito através da intervenção humana pois isso tem implicações legais, éticas e religiosas.
A vida é considerada sagrada no islam sendo haram tirar a vida de qualquer ser humano sem justa causa como: defesa de causa legítima, execução de sentença judicial, retaliação ou auto defesa.
Deus diz:
“E não matei o ser que Deus proibiu matar, exceto com justa razão.” (Surata: 17, versículo: 33)
“E não mateis a vós próprios (não cometeis suicídio).” (Surata:4, versículo: 29)
“E não mateis vossos filhos por recear a pobreza, pois Nós os sustentamos bem como a vós.Sabei que o seu assassinato é um grande erro.” (Surata: 17, versículo: 31).
A Shari'a estipula que o feto é um ser humano e tem direito a vida, a lei islâmica estipula o adiamento da pena de morte caso a mulher esteja grávida, até esta dar a luz e o aleitamento do bebê for estipulado por uma ama de leite. O feto também goza do direito a herança, por tanto caso seu pai morra antes de seu nascimento é esperado que ele nasça para ser partilhada a herança. O feto é uma pessoa numa fase ainda não totalmente desenvolvida.
Em caso de violação sexual, na visão da maioria dos sábios, o islam não advoga o aborto pois isso seria como matar um inocente ao invés de castigar o promotor do crime, nesse caso quando possível, a mulher deve tomar remédios para evitar a gravidez, como é o caso nos dias de hoje da “pílula do dia seguinte” e o agressor deve ser condenado a severo castigo como por exemplo a pena de morte. O melhor a fazer para evitar os casos de estupro é purificar a sociedade das tentações e resguardar a mulher, o islam sempre procura resolver os problemas através de suas raízes, buscando a prevenção, mas caso isso falhe aplica-se as devidas penas para o agressor e protege-se a vítima.
Alguns Úlama' aceitam o aborto numa situação de abuso sexual desde que seja antes dos 4 meses de gravidez, tempo no qual é insuflada a alma na pessoa, depois disso é unânime que o ato se torna haram.
Muitos sábios também aceitam o aborto dentro desse período nos casos de: risco de transmissão de doenças genéticas ou defeito congênito grave no feto que seja incompatível com a vida. Já o Darul Iftá da Arábia Saudita afirma num fatwa que o aborto não pode ser admitido em nenhuma situação, segundo essa fatwa devemos prevenir, dentro do possível, os casos de alteração genética seguindo os ensinamentos das sunnas. O Profeta Mohammad diz: “casai com pessoas distantes(não com familiares próximos) para evitar uma progênie fraca.” E dirigindo-se aos jovens aconselha-os a casarem-se cedo.
Quando temos um bebê com deformidades físicas ou alterações mentais, tendo tomado as precauções devidas, devemos aceitá-lo pois é um decreto divino e a recompensa para os pais que amam essa criança é igual a dos Shahid (mártir).
Opinião das Quatro Escolas de Jurisprudência Acerca do Aborto:
Ibn Abidin, seguidor do Imam Abu hanifa defende que com uma justificativa que seja relevante, como é o caso das já descritas acima, é permitido o aborto antes dos 4 meses de gestação.
Os seguidores do Imam Malik defendem que o aborto não é permitido depois que o sêmen já estiver implantado no útero, nem mesmo nos primeiros quarenta dias de gestação.Os seguidores do Imam Shafei concordam com esse ponto de vista.
Quanto aos seguidores do Imam Ahmad Ibn Hambal estipula-se, para quem causa o aborto, o pagamento de uma indenização pela perda de uma vida, então nesse caso o aborto também é considerado haram., inclusive se alguém bate na barriga de uma gestante, causando a morte do feto, deve pagar a indenização.
A vida da gestante tem prioridade sobre a do feto até os 120 dias de gestação, depois desse período, uma vez que o feto recebe sua alma e são traçadas suas pré-destinações, este tem igual direito à vida. Qualquer problema nessa fase deve-se agir pelo princípio geral da Sharia o qual diz para optar pelo menor dos males, ao invés de perder duas vidas deve-se tentar salvar uma delas.O sheikh Shaltut do Egito diz no seu fatwa que neste caso deve-se salvar a vida da mãe, abortando o feto independente do período de gestação, uma vez que a mãe é a origem do feto e um pilar da família com deveres e responsabilidades.

http://www.religiaodedeus.net/natalidade.htm

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O que significa dizer "Filho de Deus" sobre Jesus?

Filho de Deus, filho de David, ou filho do Homem?  Jesus é identificado como “filho de Davi" quatorze vezes no Novo Testamento, começando com o primeiro verso (Mateus 1:1). O Evangelho de Lucas documenta quarenta e uma gerações entre Jesus e Davi, enquanto Mateus lista vinte e seis.  Jesus, um descendente distante, pode usar o título “filho de Davi” apenas metaforicamente.  Mas como então devemos entender o título, “filho de Deus?”
O “Trilema,” uma proposta comum dos missionários cristãos, afirma que “Jesus ou era um lunático, ou um mentiroso, ou o Filho de Deus, como ele clamava ser.”  Em nome do argumento, vamos concordar que Jesus não era nem um fanático e nem um mentiroso.  Vamos também concordar que ele era precisamente o que clamava ser.  Mas o que, exatamente, era isso?  Jesus chamou a si mesmo de “Filho do Homem” com freqüência, consistentemente, talvez até enfaticamente, mas onde ele se chamou de “Filho de Deus”?
Vamos recapitular.  O que significa “Filho de Deus” em primeiro lugar?   Nenhuma denominação cristã legítima sugere que Deus se casou e teve um filho, e com certeza nenhuma concebe que Deus teve um filho com uma mãe humana fora do casamento.   Além disso, sugerir que Deus fisicamente se relacionou com um elemento de Sua criação está além dos limites da tolerância religiosa já que seria o cúmulo da blasfêmia, na mesma linha da mitologia grega.
Sem explicação racional disponível dentro dos dogmas da doutrina cristã, a única alternativa para a conclusão dessa alegação é um mais um mistério doutrinário.  Aqui é onde os muçulmanos relembram a questão apresentada no Alcorão:
“...Como pode Ele ter tido um filho quando Ele não teve companheira?...” (Alcorão 6:101)



...enquanto outros gritam, “Mas Deus pode fazer qualquer coisa!”  A posição islâmica, entretanto, é que Deus não faz coisas inapropriadas, apenas coisas divinas.  No ponto-de-vista islâmico, o caráter de Deus é parte do Seu ser e é consistente com Sua majestade.
Então, novamente, o que significa “Filho de Deus”?  E se Jesus Cristo tem direitos exclusivos ao termo, por que a Bíblia registra, “...porque Eu (Deus) sou um pai para Israel, e Efraim (ou seja, Israel) é meu primogênito”  (Jeremias 31:9)“...Israel é meu filho, meu primogênito”  (Êxodo 4:22)? Adotando o contexto de Romanos 8:14, que diz, “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus,” muitos eruditos concluem que “Filho de Deus” é metafórico e, como com christos, não implica exclusividade. Afinal, The Oxford Dictionary of the Jewish Religion (Dicionário Oxford da Religião Judaica) confirma que no idioma judaico “Filho de Deus” é claramente metafórico. Fazendo a citação, “Filho de Deus, termo ocasionalmente encontrado na literatura judaica, bíblica e pós-bíblica, mas em nenhum lugar implicitando descendência física de Deus.”[1] O Dicionário Bíblico de Hasting comenta:
No uso semítico “filiação” é uma concepção empregada de certa forma com liberdade, para denotar relacionamento moral ao invés de  físico ou metafísico.  Portanto, “filhos de Belial” (Juízes 19:22, etc.) são homens maus, não descendentes de Belial; e no NT as “crianças da câmara nupcial” são convidados do casamento.  Assim um “filho de Deus” é um homem, ou mesmo um povo, que reflete o caráter de Deus.  Existe pouca evidência de que o título foi usado nos círculos judaicos do Messias, e uma filiação que implicava mais do que um relacionamento moral seria contrária ao monoteísmo judaico.[2]
E em qualquer caso, a lista dos candidatos a “filho de Deus” começa com Adão, de acordo com Lucas 3:38:  “...Adão, que era filho de Deus.”
Aqueles que refutam citando Mateus 3:17 (“E eis uma voz dos céus, que dizia: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo’”) fazem vista grossa para o fato da Bíblia descrever muitas pessoas, Israel e Adão incluídos, como “filhos de Deus.”  Tanto em 2 Samuel 7:13-14 quanto em 1 Crônicas 22:10 se lê, “Este (Salomão) edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino.  Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho.”
Nações inteiras são referidas como filhos, ou crianças de Deus.  Os exemplos incluem:
Gênesis 6:2, “Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens...”
Gênesis 6:4 “Ora, naquele tempo havia gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens…”
Deuteronômio 14:1 “Filhos sois do Senhor, vosso Deus;”
Jó 1:6 “Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR...”
Jó 2:1 “Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR...”
Jó 38:7, “Quando as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?”
Filipenses 2:15 “para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta...”
1 João 3:1-2, “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus;” e, de fato, somos filhos de Deus.”
Em Mateus 5:9 Jesus diz, “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.”  Mais adiante em Mateus 5:45, Jesus prescreveu para seus seguidores a obtenção de atributos nobres, “para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste...”  Não exclusivamente seu Pai, mas Paideles...
O clero cristão reconhece abertamente que Jesus nunca se chamou de “filho de Deus,” entretanto eles alegam que outros o fizeram.  Isso também tem uma resposta.
Ao investigar os manuscritos que compõem o Novo Testamento, descobre-se que a alegada “filiação” de Jesus é baseada na má tradução de duas palavras gregas – pais e huios, ambas traduzidas como “filho.”  Entretanto, essa tradução parece enganadora.  A palavra grega pais deriva do hebraico ebed, que carrega o significado primário de servo, ou escravo.  Portanto, a tradução primária de pais theou é “servo de Deus,” e “criança” ou “filho de Deus” é um embelezamento extravagante.  De acordo com Theological Dictionary of the New Testament (Dicionário Teológico do Novo Testamento), “O original hebraico depais na frase pais theou, ou seja, ebed, enfatiza a relação pessoal e tem o significado principal de ‘servo’”.[1]  Isso é ainda mais interessante porque se ajusta perfeitamente com a profecia de Isaías 42:1, mantida em Mateus 12:18: “Eis aqui o meu servo [ou seja, da palavra grega pais], que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz...” Qualquer que seja a versão da Bíblia, a palavra é “servo”.  Considerando que o propósito da revelação é tornar clara a verdade de Deus, pode-se pensar nessa passagem como uma verruga feia na face da doutrina da filiação divina.  Afinal, havia melhor lugar para Deus ter declarado Jesus como Seu filho?  Que melhor lugar para ter dito, “Eis aqui o Meu filho que gerei...”? Mas Ele não disse isso.  Nesse aspecto, a doutrina carece de suporte bíblico nas palavras registradas tanto de Jesus quanto de Deus, e existe boa razão para se perguntar por que.  A menos que Jesus não fosse nada mais do que o servo de Deus que a passagem descreve.
Com relação ao uso religioso da palavra ebed, “O termo serve como uma expressão de humildade usada pelos piedosos perante Deus.”[2]  Além disso, “Após 100 A.C. pais theou mais freqüentemente significa “servo de Deus,” como quando aplicado a Moisés, aos profetas, ou às três crianças (Baruque 1:20; 2:20; Dan. 9:35)”[3]  Uma pessoa pode facilmente cair em uma areia movediça doutrinária: “Dos oito exemplos dessa frase, uma se refere a Israel (Lucas 1:54), duas se referem a Davi (Lucas 1:69; Atos 4:25), e as outras cinco a Jesus (Mateus 12:18; Atos 3:13,26; 4:27,30)...Nos poucos exemplos nos quais Jesus é chamadopais theou nós obviamente temos uma tradição anterior.”[4]  Então Jesus não tinha direitos exclusivos a esse termo, e onde ele foi empregado o termo “obviamente” derivava de “tradição anterior.”  Além disso, a tradução, se imparcial, devia identificar todos os indivíduos a quem a frase foi aplicada de maneira semelhante.  Esse, entretanto, não foi o caso.  Embora pais tenha sido traduzido como “servo” em referência a Davi (Atos 4:25 e Lucas 1:69) e Israel (Lucas 1:54), é traduzido como “Filho” ou “criança sagrada” em referência a Jesus (Atos 3:13; 3:26; 4:27; 4:30). Esse tratamento preferencial é consistente canonicamente, mas falho logicamente.



Por fim um paralelo religioso interessante, se não fundamental, é revelado:“Portanto a frase grega pais tou theou, ‘servo de Deus,’ tem exatamente a mesma conotação que o nome islâmico Abdallah – o ‘servo de Allah.’”[5]
A simetria é ainda mais chocante porque o Alcorão Sagrado relata que Jesus se identificou como simplesmente isso – Abdallah (abd é servo ou escravo em árabe, Abd-Allah [também pronunciado “Abdullah”] significando servo ou escravo de Allah).  De acordo com a estória, quando Maria retornou para sua família com o recém-nascido Jesus, eles a acusaram de não ser casta.  Falando do berço em um milagre que credenciava suas alegações, o bebê Jesus defendeu a virtude de sua mãe com as palavras, “Inni Abdullah...” que significa, “Eu sou de fato um servo de Allah...” (Alcorão 19:30)
A tradução do Novo Testamento de huios para “filho” (no sentido literal da palavra) é igualmente equivocada.  Na página 1210 do Theological Dictionary of the New Testament (Dicionário Teológico do Novo Testamento) de Kittel e Friedrich, o significado de huios vai do literal (Jesus filho de Maria), ao levemente metafórico (crentes como filhos do rei [Mateus 17:25-26]), ao polidamente metafórico (os eleitos de Deus serem filhos de Abraão [Lucas 19:9]), ao coloquialmente metafórico (crentes como filhos de Deus [Mateus 7:9 e Hebreus 12:5]), a espiritualmente metafórico (estudantes como filhos dos Fariseus [Mateus 12:27, Atos 23:6]), a biologicamente metafórico (como em João 19:26, onde Jesus descreve seu discípulo favorito para Maria como “filho dela”), assumidamente metafórico como “filhos do reino” (Mateus 8:12), “filhos da paz” (Lucas 10:6), “filhos da luz” (Lucas 16:8), e tudo de “filhos desse mundo” (Lucas 16:8) a “filhos do trovão” (Marcos 3:17).  É como se essa palavra mal compreendida para “filho” estivesse acenando como um grande aviso pintado em letras maiúsculas: METÁFORA!  Ou, como Stanton coloca eloqüentemente, “A maioria dos eruditos concorda que a palavra aramaica ou hebraica por trás de ‘filho’ é ‘servo.’  Então, quando o Espírito descende sobre Jesus em seu batismo, Jesus é tratado pela voz do céu nos termos de Isaías 42:1: ‘Eis aqui meu servo...meu escolhido...pus sobre ele o meu Espírito.’  Então, embora Marcos 1:11 e  9:7 afirmem que Jesus é chamado por Deus para uma tarefa messiânica especial, a ênfase é no papel de Jesus como um servo ungido, ao invés de Filho de Deus.”

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Breve Origem do Islamismo

O Islamismo: origens e preceitos

Segundo a apresentação geral o Islamismo surge como a terceira das três grandes religiões monoteístas: após o Judaísmo, religião pioneira a crer em um único Deus, o Cristianismo, que foi uma ramificação do Judaísmo até que Paulo de Tarso o transformou em uma religião completamente – nem tanto – da anterior e o Islamismo, surgido mais ou menos 600 anos após o nascimento de Cristo. Essa colocação cronológica, embora didática, não corresponde necessariamente á verdade. Se for analisado friamente o Islamismo irá se apresentar muito parecido em seus contornos, em seu monoteísmo e em suas crenças básicas, com o Judaísmo. E como o Cristianismo nada mais é do que um Judaísmo greco-romanizado, pode-se considerar que o Islamismo é uma continuidade. Para os muçulmanos – seguidores do Islamismo – o Islamismo é a mesma religião seguida por Adão e Eva e todos os profetas que lhes seguiram. Esta religião, que sempre fora monoteísta, foi conspurcada ao longo do tempo, tendo sido necessário o envio de profetas e mensageiros que tentavam orientar os seres humanos no correto caminho do Deus Único. Por este motivo profetas muito anteriores ao surgimento oficial do Islamismo são reverenciados pelos muçulmanos e muito citados pelo Alcorão – o livro sagrado do Islamismo: Adão, Noé, Abraão, Isaac, Jacó, David, Moisés e Jesus. Todos estes profetas tinham uma lição básica aos humanos: adorar apenas a Deus. Segundo o Islamismo, contudo, estes profetas foram desrespeitados e desobedecidos e, como selo dos profetas, ou seja, como último e definitivo mensageiro de Deus, foi enviado Mohammad, que em português é mais conhecido como Maomé, para reorientar a humanidade e se constituiu no último profeta a ser enviado por Deus. Portanto pode-se observar que o Islamismo, ainda que oficialmente tenha surgido tempos depois do Judaísmo e do Cristianismo, nada mais é do que a mesma mensagem enviada desde sempre por Deus, qual seja, o Monoteísmo Puro.
Qualquer explicação do que venha a ser o Islamismo está inevitavelmente atrelada a uma biografia, ainda que sucinta, de Maomé. Como “fundador” do Islamismo, sua vida é a própria história do surgimento da religião. O ambiente no qual foi criado e suas condições de vida também servem de arcabouço para o que o Islamismo prega. Em linhas gerais podemos dizer que Maomé nasceu por volta de 570 d.C. na cidade de Meca, atualmente localizada na Arábia Saudita. Na época este país ainda não existia e os árabes estavam divididos em uma miríade de tribos cercadas por dois poderosos impérios: os persas a leste e os bizantinos a oeste. A infância de Maomé foi difícil: antes mesmo do seu nascimento ele perdeu o pai e a mãe morreu quando ele era apenas uma criança. Deixado aos cuidados do avô paterno, Maomé também o perdeu precocemente. Foi então entregue aos cuidados do tio paterno Abu Talib, que lhe seria de especial importância nos primeiros anos de sua profecia.
Ainda que pertencesse à grande tribo dos Coraixitas, que dominavam política e economicamente a cidade de Meca, Maomé pertencia ao ramo pobre da tribo, obrigando-o a trabalhar desde cedo. Como se tratava de uma região extremamente seca, sem rios e praticamente nenhuma chuva, Maomé foi obrigado a seguir a carreira do tio, que era líder de caravanas. Desde cedo acompanhava o tio em suas viagens e logo passou a comandar ele próprio os negócios do tio. Sua vida, nos primeiros quarenta anos, não foi em nada diferente dos demais homens da região. As coisas começaram a mudar quando Maomé liderou os negócios de uma rica viúva da região, chamada Khadija, que ficou encantada com a integridade que Maomé demonstrou ao guiar suas caravanas e, apesar de mais velha, pediu o futuro profeta em casamento. Este matrimônio concedeu a estabilidade financeira da qual Maomé jamais desfrutara e proporcionou que ele se dedicasse a uma de suas atividades preferidas: a meditação e a reflexão religiosa.
Cabe um parênteses sobre a situação religiosa da Arábia no momento anterior ao surgimento do Islamismo: a vida religiosa dos árabes girava em torno da Caaba, um antigo santuário em forma de cubo que se localiza em Meca. Segundo os árabes o santuário foi construído por Abraão com a ajuda de seu filho primogênito Ismael. No interior da Caaba encontra-se a Pedra Negra, que segundo o Islamismo é uma das pedras do Paraíso que caiu na Terra após a expulsão de Adão e Eva. A princípio a pedra era branca, mas conforme os pecaminosos humanos a tocavam ela se tornou negra.  A princípio este santuário fora dedicado exclusivamente ao Deus Único, mas, com o passar do tempo, os homens foram se desviando do verdadeiro culto e incluíram uma miríade de deuses no interior da Caaba, chegando ao número de 360 deuses, um para cada dia do ano lunar. Além disso, havia imagens de Abraão, Jesus e outras pessoas importantes. A presença da Caaba em Meca tornou a cidade um importante ponto de peregrinação entre os árabes. Aproveitando-se disso, os coraixitas, que eram os protetores do templo e, por extensão, da própria cidade, estabeleceram feiras comerciais que coincidiam com os períodos de peregrinação, o que tornou não apenas a cidade, mas principalmente seus guardiões, extremamente ricos e influentes. Assim sendo, na época imediatamente anterior ao surgimento do Islamismo – que os muçulmanos chamam de Jahiliya, “Tempo da Ignorância” – o politeísmo estava arraigado na cultura árabe e fazia a riqueza dos poderosos Coraixitas.



Voltemos a Maomé: em um dos últimos dias do mês lunar de Ramadã do ano de 610, Maomé retirou-se, como de costume, para uma caverna no monte Hira, próximo da Caaba, onde pretendia refletir sobre assuntos religiosos. Em um determinado momento Maomé percebeu a presença de mais alguém na caverna: um homem que o agarrou e o apertou tão fortemente que ele pensou que morreria sufocado. Após soltá-lo o tal homem disse-lhe Iqra – palavra árabe que significa “Recita”, mas também pode significar “Leia”. Maomé disse-lhe que não poderia recitar – ou ler – uma vez que era analfabeto. Novamente foi apertado e após ser solto recebeu a mesma ordem: Iqra. Após nova negativa de Maomé, o tal homem o agarrou novamente depois de uma terceira ordem Maomé percebeu que fluía de sua boca palavras que ele jamais ouvira:
“Lê, em nome do Senhor que criou,
Criou o homem de um coágulo.
Lê, que o teu Senhor é generosíssimo,
Que ensinou através do cálamo,
Ensinou ao homem o que este não sabia”.
Alcorão Sagrado – Capítulo 96, versículos de 1 a 5.
Maomé fugiu assustado. Temia ter sido afetado por algo que os árabes chamavam de Gin, ou gênios, espíritos que atormentavam as pessoas. Durante dias ficou em dúvida se teria de fato recebido uma revelação divina ou um mau presságio. Por fim, após ter sido acalmado pela esposa, que lhe disse que um homem bom não poderia ter sido abandonado por Deus, Maomé voltou a receber a visita do tal homem e foi tranquilizado: o homem era de fato o arcanjo Gabriel, enviado por Deus com uma revelação para a humanidade e doravante Maomé seria o profeta de Deus.
A missão de Maomé, desde o princípio, jamais fora fácil: pregar o monoteísmo em uma sociedade arraigada no politeísmo e lutar contra uma classe social que se beneficiava profundamente dos lucros das peregrinações à Caaba que visitavam e adoravam estes deuses. Maomé foi perseguido e ofendido pela sociedade de Meca. Contava, contudo, com a proteção do tio Abu Taleb que, apesar de não ter se convertido, manteve a proteção que lhe concedia desde criança. Esta proteção foi importante para Maomé, pois ninguém ousaria fazer-lhe mal em respeito ao velho Abu Taleb. Mas esta proteção não foi de muita valia para os seguidores de Maomé que foram perseguidos e muitos mortos pelos coraixitas revoltados com a pregação monoteísta. Maomé insistia que não se tratava de uma nova religião, pois eram os mesmos ensinamentos de Abraão e de todos os profetas anteriores. Maomé se via como profeta e sucessor de todos os profetas anteriores. Logo sua crença ficou conhecida como Islamismo, palavra que significa paz e submissão, no caso ao Deus Único. Os seguidores do Islamismo foram chamados de muslims, ou muçulmanos, palavra que significa “aqueles que se submetem”, no caso a Deus. Os coraixitas não se interessaram pela mensagem e um dos tios de Maomé, Abu Lahab, foi particularmente rigoroso na perseguição ao sobrinho e aos seus seguidores. Os muçulmanos começaram a fugir de Meca por medo das represálias: muitos fugiram para a Abissínia, na África Oriental, onde foram bem recebidos pelo rei local, que era cristão. Mas a situação em Meca se tornou tão insuportável, principalmente após a morte de Abu Taleb, que Maomé percebeu que deveria fugir para se manter vivo. No ano de 622 d.C., doze anos após a primeira visita do arcanjo Gabriel, Maomé e vários muçulmanos fugiram para a cidade de Yatrib, localizada ao norte de Meca. Este acontecimento, conhecido como Hégira, marca o início do calendário islâmico. Em Yatrib Maomé estabeleceu a primeira comunidade islâmica e construiu a primeira mesquita do Islamismo. Ali os muçulmanos podiam praticar sua religião livremente, sem medo de perseguições, torturas ou morte. O nome da cidade foi mudado para Medinat Al Nabil, ou simplesmente Medina, “Cidade do Profeta”.
Mas a vida em Medina não foi um mar de rosas para os muçulmanos: em primeiro lugar eles tinham de se entender com as comunidades judaicas da cidade. Maomé era profeta do Deus Único, o mesmo Deus dos judeus e portanto tolerava os judeus. Estes, no entanto, não aceitaram Maomé como profeta e não se converteram aos muçulmanos e se ressentiam da dominação deles sobre a cidade. Pouco tempo após a chegada dos muçulmanos eles se tornaram um problema e, com o tempo, foram expulsos da cidade. Outro grupo interno que ameaçava os muçulmanos eram os chamados hipócritas, pessoas que se converteram ao Islamismo por interesse e que no fundo compactuavam com os coraixitas. Para finalizar os coraixitas não aceitaram a fuga dos muçulmanos pacificamente e organizaram inúmeras campanhas militares contra Medina. Ainda que em números e condições inferiores, os muçulmanos conseguiram rechaçar todas as incursões coraixitas e o número de muçulmanos, concomitantemente, aumentava a cada dia. A situação se inverteu e no ano de 630 d.C. os muçulmanos marcharam sobre Meca e conquistaram a cidade da qual haviam fugido oito anos antes, sem o derramamento de sangue. Maomé se dirigiu à Caaba e a purificou dos ídolos pagãos, destruindo as imagens dos deuses que ocupavam o seu interior. A partir de então a religião se expandiu ainda mais, com tribos aceitando o Islamismo sem a necessidade de intervenção. Maomé morreu no ano de 632 d.C. e a liderança da comunidade islâmica passou para Abu Bakr, um dos primeiros convertidos ao Islamismo e que se tornou khalifa – Califa –, “Líder” dos muçulmanos.
Esta brevíssima biografia de Maomé mostra apenas alguns aspectos do surgimento do Islamismo. Convém a busca de fontes mais aprofundadas para um panorama mais completo. Passemos agora aos principais artigos da fé islâmica. O mais importante conceito da fé islâmica está na adoração do Deus Único. Não é permitida a adoração de nada além de Deus, seja quem for, até mesmo Maomé. A proibição de se reproduzir Maomé através de desenhos ou imagem tem principalmente esta intenção: evitar qualquer tipo de veneração a seres humanos, ainda que sejam importantes, pois a veneração é exclusiva a Deus. Foram estabelecidos cinco pontos cruciais da fé islâmica, conhecidos como Pilares de Islamismo, que determinam a religião islâmica:
1- Shahada (Juramento de Fé): o juramento de fé é o primeiro passo para se tornar muçulmano. Trata-se de duas frases que resumem a crença de todo muçulmano: “Juro que não há deus a não ser Deus e juro que Maomé é o mensageiro de Deus”.
2- Salat (Orações): as orações é o principal elo entre o homem e Deus, mostrando que ele é de fato muçulmano – submisso a Deus. As orações se realizam cinco vezes por dia, em horários de terminados.
3- Zakat (Ajuda aos Necessitados): os muçulmanos que tiverem condições devem ajudar os mais necessitados, seja com dinheiro ou com mantimentos. Mas a ajuda só é obrigatória se o muçulmano tiver condições de ajudar o próximo.
4- Sujud (Jejum): em lembrança da revelação que Maomé recebeu do arcanjo Gabriel, os muçulmanos devem jejuar nos meses de Ramadã, desde o nascer ao pôr do sol: devem se abster de toda bebida e toda comida, além de relações sexuais.
5- Hajj (Peregrinação): todos os muçulmanos, que tiverem condições físicas e financeiras, devem visitar pelo menos uma vez na vida a cidade de Meca e circundar a Caaba. Meca é a cidade mais sagrada para o Islamismo, pois foi lá que a religião surgiu e também lá é a terra do profeta Maomé.



A exemplo da biografia de Maomé, esta relação dos Pilares da Fé é extremamente sucinta, sendo necessária a busca de bibliografia mais aprofundada para se entender completamente.
Cabe aqui também algumas palavras sobre o Alcorão e a Sunnah. O Alcorão vem da palavra árabe Al Quran, “A Recitação”. Após a morte de Maomé todas as revelações que ele recebeu foram reunidas em um único livro para que os muçulmanos de todo o mundo a conhecessem. Configurou-se no livro sagrado para os muçulmanos, reunindo 114 capítulos que versam sobre todos os aspectos da vida humana. No Alcorão podem-se encontrar várias histórias que também estão presentes na Bíblia, tanto no Velho como no Novo Testamento. Para o Islamismo o Alcorão é a maior autoridade da fé, tudo que discorde dele é considerado falso.



A Sunnah, por outro lado, é um relato de tudo o que foi dito e feito por Maomé no que se refere à religião durante os 23 anos em que durou sua profecia. Uma vez que o profeta é considerado o modelo de ser humano a Sunnah representa uma espécie de “manual de conduta” de todos os muçulmanos. Esta Sunnah é transmitida de geração a geração por uma linha de transmissores oficialmente reconhecidos. O Alcorão serve como fonte de análise da Sunnah: se determinada tradição difere do Alcorão é considerada equivocada. A Sunnah deu origem ao termo “sunita”, que são os muçulmanos como um todo, uma vez que, para todos os efeitos, os xiitas não são considerados muçulmanos, já que não seguem obrigatoriamente a Sunnah.

David Barbosa Miranda – Mohammad Daoud Abdallah.