segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Al A'la - O Altíssimo

Capítulos curtos do Alcorão - 87º Capítulo - Al A'la

Tradução e comentários do Prof. Samir El Hayek:

Neste capítulo de 11 versículos o muçulmano glorifica a Deus em todo seu esplendor, lembrando Suas benevolências e o caminho correto a seguirmos. Deixa bem claro que o caminho correto está esclarecido tanto no Alcorão como nos ensinamentos do profeta Maomé. Portanto, não é difícil segui-lo. Tudo depende de nosso livre-arbítrio.


1- Glorifica o nome do teu Senhor, o Altíssimo,
2- Que criou e aperfeiçoou tudo;
3- Que tudo predestinou e encaminhou;
4- E que faz brotar o pasto,
5- Que se converte em feno.
6- Ensinar-te-emos a recitar (a Mensagem), para que não esqueças,
7- Senão o que Deus permitir, porque Ele bem conhece o que está manifesto e o que é secreto.
8- E te encaminharemos pela (senda) mais simples.
9- Admoesta, em caso da admoestação ser proveitosa (para eles)!
10- Ela guiará aquele que é temente.
11- Porém, o desventurado a evitará;

Explicações do Prof. Samir El Hayek:
A palavra "Senhor", por si só, é inadequada para representar Rabb, aqui empregada. Porque ela implica em adoração, resguardo do mal, custódio, e garantia de todos os meios e de todas as oportunidades de desenvolvimento.
O caminho a trilhar, no Islamismo, é simples e fácil. ele não depende de mistérios obscuros ou de auto-flagelo, mas de uma conduta virtuosa, humanitária e concorde com as leis da natureza humana, implantadas na humanidade por Deus. Pelo contrário, a perfeição espiritual é mais difícil de ser conseguida, porto que ela implica em uma completa rendição, da nossa parte, em todos os nossos relacionamentos, pensamentos e completa rendição, da nossa parte, em todos os nossos relacionamentos, pensamentos e desejos; contudo, depois desta rendição, a Graça Divina tornará fácil o nosso caminho.
Os casos em que a admoestação de fato surte proveito espiritual e aqueles em que ela não surte, são mencionados mais adiante, nos versículos de 10 a 13, respectivamente. A Mensagem de Deus deverá ser proclamada a todos. Todavia, admoestações especiais e pessoais são também dirigidas àqueles que se devotam à Mensagem, e em cujos corações há o temor a Deus; no caso daqueles que fogem dela e a desvirtuam, tal admoestação especial e pessoal mostra-se inútil. São aqueles desafortunados, que preparam a sua própria ruína.

Recitação do Capítulo Al A'la - O Altíssimo em árabe

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Mitos a respeito do Islamismo

Algumas questões que ficaram mal resolvidas:


Por que o Islamismo é uma religião violenta?
Para começo de conversa o Islamismo não é uma religião violenta. O que acontece é que o Islamismo aparece na mídia sempre vinculado a algum momento de violência, que nem sempre tem relação com a religião. Daí fica a impressão de que tudo é violento nesta religião.
Mas o Islamismo surgiu através da guerra, usando a violência, portanto é violenta, não é?
Não é não. Para se ter uma ideia quem fez uso da violência foram os politeístas que não queriam aceitar as ideias de Maomé e perseguiam os muçulmanos. Maomé e os primeiros muçulmanos foram obrigados a fugir para outro lugar e, mesmo assim, os líderes de Meca moveram guerras para tentar matar Maomé e impedir o avanço do Islamismo. Foram dez anos se defendendo e usando das batalhas um meio de defesa da religião. Portanto o uso da violência ocorreu contra o Islamismo.
No entanto, o Islamismo força as pessoas a se converterem, caso contrário são mortas, não é?
Não é não, de novo. Esta é uma impressão difundida pela mídia, que consideram alguns atos isolados como forma universal, ou seja, como se todos os muçulmanos agissem da mesma forma, o que não é verdade. Para se ter uma ideia, no Alcorão há um versículo dizendo: "Não há imposição quanto à religião, pois a verdade já foi destacada do erro. Quem renegar o sedutor e crer em Deus, ter-se-á apegado a um firme e inquebrantável sustentáculo, porque Deus é Oniouvinte, Sapientíssimo" (Capítulo 2, Versículo 256).
Por que o Alcorão fala tanto em sangue, matar e morrer e opressão?
Com certeza esta é a opinião de quem jamais leu o Alcorão. Para se ter uma ideia, existe um versículo conhecido como "Versículo do Trono", pois resume a essência de Deus e sua religião de forma sublime. Ele diz: "Deus! Não há mais divindade além d'Ele, Vivente, Subsistente, a Quem jamais alcança a inatividade ou o sono; d'Ele é tudo quanto existe nos céus e na terra. Quem poderá interceder junto a Ele, sem a Sua anuência? Ele conhece tanto o passado como o futuro, e eles (humanos) nada conhecem da Sua ciência, senão o que Ele permite. O Seu Trono abrange os céus e a terra, cuja preservação não O abate, porque é o Ingente, o Altíssimo" (Capítulo 2, Versículo 255).
Seja como for, o Islamismo oprime a mulher e a obriga a usar o véu. Isso é verdade, não é?
Não é não, pela terceira vez. Para se ter uma ideia, a mulher cristã sempre foi mais oprimida do que as mulheres muçulmanas: as muçulmanas podem escolher seus maridos, podem pedir o divórcio e podem herdar bens, o que só aconteceu com as mulheres cristãs, por exemplo, em um momento bem recente. Agora, o problema é que só se noticia casos em que as mulheres sofrem abusos dos homens, o que não é apoiado pelo Islamismo, mas trata-se de exceções. Daí toma-se a exceção pela regra, confundindo-se tudo. Quanto ao véu, foi uma exigência feminina, pois com o véu elas se resguardam dos olhares cobiçosos e maliciosos e são admiradas pelo que pensam também. As mulheres não são apenas pedaços de carne, como são nos países ocidentais, onde a mulher é usada e abusada como um objeto descartável nos dias de hoje.
Por que apenas o Islamismo é terrorista, perseguindo e odiando as demais religiões?
Isto não é verdade.  Para começo de conversa, quem disse que apenas o Islamismo é terrorista? O que dizer, por exemplo, dos grupos católicos e protestantes que se digladiavam na Irlanda do Norte? E sobre o ódio para outras religiões e perseguição, parece que não considerou, por exemplo, o período das Cruzadas, onde os cristãos saíram da Europa para perseguir e lutar contra o Islamismo no Oriente Médio. E as inúmeras guerras religiosas da Europa durante a Reforma Protestante dos séculos XVI e XVII. Enfim, infelizmente em várias épocas encontramos pessoas de diferentes religiões que perseguem outras pessoas por conta da religião. Já vimos também que o Alcorão proíbe a conversão forçosa das pessoas ao Islamismo, pois apenas as conversões voluntárias são válidas.
Como posso conhecer melhor o Islamismo?
Existem inúmeras maneiras. Pela internet mesmo existem vários sites que nos ensinam muito. Além disso, qualquer mesquita está aberta a receber todos, orientar e eventualmente emprestar livros sobre o Islamismo. Para todos os efeitos, o Alcorão é a principal fonte de conhecimentos do Islamismo e já está disponível em português. Neste blog mesmo já existem alguns capítulos postados. Quem quer conhecer encontra sempre um caminho para tal. Veja estes dois curtos vídeos que explicam resumidamente os principais aspectos do Islamismo:
Compreenda o Islã e os Muçulmanos - Parte I



Compreenda o Islã e os Muçulmanos - Parte II

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Al Gháxia - O Evento Assolador

Capítulos Curtos do Alcorão - Al Gháxia - O Evento Assolador

Tradução e explicações do Prof. Samir El Hayek:

Introdução - Prof. David: Este capítulo do Alcorão tem 26 versículos no qual explica, de maneira alegórica, os acontecimentos referentes ao Apocalipse. Salienta a humilhação que os condenados sofrerão, mas deixa a todos os fiéis a certeza de que poderão escapar de semelhante provação. Ao final do capítulo, posto também um vídeo mostrando a recitação em árabe do capítulo.
1- Porventura, chegou-te a notícia do Evento Assolador?
2- Haverá rostos humildes, nesse dia,
3- Fatigados, abatidos,
4- Chamuscados, pelo Fogo abrasador!
5- Ser-lhes-á dado a beber de um manancial fervente;
6- Não terão, por alimento, nem lhes saciarão a fome!
7- Que não os alimentarão, nem lhes saciarão a fome!
8- (Outros) rostos, nesse dia, estarão calmos,
9- Contentes, por seus (passados) esforços;
10- Estarão em um jardim suspenso,
11- Onde não ouvirão futilidade alguma;
12- Nele haverá um manancial fluente,
13- Nele haverá leitos elevados,
14- E taças, ao alcance da mão,
15- E almofadas enfileiradas,
16- E tapetes de seda estendidos.
17- Porventura, não reparam nos camelídeos, como são criados?
18- E no céu, como foi elevado?
19- E nas montanhas, como foram fixadas?
20- E na terra, como foi dilatada?
21- Admoesta, pois, porque és tão somente um admoestador!
22- Não és, de maneira alguma, guardião deles.
23- E, àquele que te for adverso e incrédulo,
24- Allah infligirá o maior castigo.
25- Em verdade, o seu retorno será para Nós;
26- E o seu cômputo Nos concerne.

Explicações do Prof. Samir El Hayek:
Gháxiya: aquela coisa ou evento que ofusca ou esmaga, e que abrange tudo, fazendo com que as pessoas percam a razão. O significado da raiz da palavra árabe dharí' novamente implica a ideia de humilhação. A segunda coisa que deverão considerar é a nobre abóbada azul, acima deles, o sol e a lua, as estrelas e os planetas, e outros corpos celestiais.



sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Al Fajr - A Aurora

Capítulos Curtos do Alcorão - Al Fajr - A Alvorada

Tradução e explicações do Prof. Samir El Hayek

Depois de alguns dias sem postagens, retomo com a tradução de mais um capítulo do Alcorão. Trata-se do capítulo chamado Al Fajr, ou A Alvorada. Nos seus 30 versículos Allah deixa claro que está atento a tudo o que acontece, tanto de dia como de noite. Além disso, tal qual os dias se sucedem, também se sucede as graças de Deus para conosco. Ao final coloco a recitação deste versículo em árabe.
Capítulo Al Fajr em árabe
1- Pela aurora,
2- E pelas dez noites,
3- E pelo par e pelo ímpar,
4- E pela noite, quando se retira (que sereis castigados)!
5- Porventura, não há nisso um juramento adequado, para o sensato?
6- Não reparaste em como o teu Senhor procedeu, em relação à (tribo de) Ad,
7- Aos (habitantes de) Iram, (cidade) de pilares elevados,
8- Cujo similar não foi criado em toda a terra?
9- E no povo de Samud, que perfurou rochas no vale?
10- E no Faraó, o senhor das estacas,
11- Os quais transgrediram, na terra,
12- E multiplicaram, nela, a corrupção,
13- Pelo quê o teu Senhor lhes infligiu variados castigos?
14- Certamente que o teu Senhor está sempre alerta.
15- Quanto ao homem, quando seu Senhor o experimenta, honrado-o e agraciando-o, diz (empertigado): Meu Senhor me honrou!
16- Porém, quando o prova, restringindo a Sua graça, diz: meu Senhor me humilhou!
17- Não! Vós não honrais o órfão,
18- Nem vos estimulais a alimentar o necessitado;
19- E consumis avidamente as heranças,
20- E cobiçais insaciavelmente os bens terrenos!
21- Em verdade, quando a terra for triturada fortemente,
22- E aparecer o teu Senhor, com os Seus anjos em desfile,
23- E o Inferno, nesse dia, for destacado, então o homem recordará; porém de que lhe servirá a recordação?
24- Dirá: Oxalá tivesse diligenciado (na prática do bem), durante a minha vida!
25- Porém, nesse dia, ninguém castigará como Ele (o fará),
26- Nem ninguém acorrentará, como Ele (o fará),
27- E tu, ó alma em paz,
28- Retorna ao teu Senhor, satisfeita (com Ele) e Ele satisfeito (contigo)!
29- Entra no número dos Meus servos!
30- E entra no Meu Paraíso!

Explicações do Prof. Samir El Hayek:
As "dez noites" do segundo versículo referem-se, costumeiramente, às primeiras dez noites da época da Peregrinação. Desde os tempos mais remotos, Meca sempre foi o centro da peregrinação árabe. A História de Abraão está intimamente ligada a ela. Nos tempos da idolatria, foram introduzidas várias superstições, que o Islamismo dissipou. Este purificou, ainda, os rituais e as cerimônias, imprimindo-lhes um novo significado. Os dez dias, especialmente devotados à peregrinação, introduzem um formidável contraste na vida tanto de Meca como na dos peregrinos.
Meca, sendo uma cidade um tanto pacata, torna-se, então, fervilhante, com milhares de peregrinos de todas as partes do mundo. Estes despem-se das suas vestes usuais, de todas as espécies de vestes, e colocam uma veste simples e comum (chamada Ihram); eles suspendem toda a sorte de lutas e altercações; abstêm-se de toda a espécie de luxúria e epicurismo; tomam toda a vida por sagrada, não importando quão humilde ela seja, exceto na maneira de conduzirem o simbólico e cuidadosamente regulamentado sacrifício; e passam as suas noites em oração e meditação.
O par e o ímpar seguem-se mutuamente, em sucessões regulares; cada um é independente, e nenhum é auto-suficiente. Em última análise, todos os números pares fazem parelha com os ímpares. E todas as coisas existem aos pares. No mundo animal, os casais consistem de dois indivíduos, sendo que um constitui o complemento do outro. Tanto as coisas abstratas como as concretas são, frequentemente, compreendidas, em contraste com os seus opostos.
Iram parece ter sido a antiga capital de Ad, na Arábia Meridional. Ela se ufanava da sua elevada arquitetura (elevados pilares). Alguns exegetas entendem que Iram é o nome de um herói eponímico de Ad, em cujo caso a linha seguinte, "de pilares elevados", deveria ser traduzida por "de estatura elevada". O povo de Ad era um povo de pessoas altas.
Há certo trato de território na Arábia Meridional que foi, outrora, muito próspero (Arabia Felix), em cujas ruínas encontraram-se inúmeras inscrições. Ele tem sempre sido objeto de grande interesse por parte dos árabes.
A civilização do povo de Samud mostra traços de influência egípcia, síria e (mais tarde) greco-romana. Ela erigiu magníficos templos, catacumbas e edificações feitas na rocha. O culto ao ídolo Lat floresceu ali.
A herança de uma pessoa ou família (citada no versículo 19) pode ser malbaratada de duas maneiras: 1- Os guardiões e os fiduciários das heranças dos menores e das mulheres, ou das pessoas impossibilitadas de cuidar dos seus próprios interesses, deverão preencher a confiança neles depositada, com desvelo ainda maior do que aquele que devotariam aos seus próprios interesses; 2- As pessoas, que herdam bens, em seus próprios diretos, devem lembrar-se de que, nesse caso, também essa é uma responsabilidade sagrada.



quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Al Balad - A Metrópole

Capítulos curtos do Alcorão - Al Bálad - A Metrópole

Tradução e explicações do Prof. Samir El Hayek:

Neste curto capítulo o Alcorão faz referência à metrópole de Meca, que se tornou a cidade mais sagrada do Islamismo e retoma a lembrança de todas as benesses que já fez pelos homens e reforça a necessidade de sermos gratos por isso. No final posto também a recitação do capítulo em árabe.

1- Juro por esta metrópole (Meca)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Morte de menina de 8 anos: não há relações com o Islamismo

Uma menina iemenita de oito anos morreu após "lua de mel"

Quando devemos separar costumes locais de preceitos do Islamismo

(Relato de uma resposta a um questionamento via Facebook):

Bom Thomas Anderson, Marcela, Pilar Cabrejas e demais amigos. Inteirei-me do assunto e posso dizer com muita segurança: O QUE OCORREU NÃO TEM APROVAÇÃO NENHUMA POR PARTE DO ISLAMISMO. Costuma-se confundir COSTUMES LOCAIS, que já existiam muito antes do aparecimento do Islamismo, com PRECEITOS RELIGIOSOS. o casamento tribal vai além do que o Islamismo prega. É claro que o profeta Mohammad também se casou com meninas (Aisha tinha seis anos), mas foi apenas o contrato de casamento, e obviamente a consumação do casamento só ocorreu após a noiva atingir uma idade adequada. Além disso, muitos reis cristãos da Europa Medieval também se casavam com princesas muito jovens (o caso mais chamativo para os historiadores é o de João Sem Terra que desposou Isabella de Angôuleme quando esta tinha apenas 13 anos de idade). Sendo assim, reitero: este caso nefasto é um caso de costume local que em nada tem a ver com os preceitos do Islamismo. Este DOENTE MENTAL deve ser punido severamente....E não é honesto tentar relacionar este crime a um costume do Islamismo.


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ax Xams - O Sol

Capítulos curtos do Alcorão - 91º Capítulo - Ax Xams - O Sol

Tradução e explicações do Prof. Samir El Hayek:

Este capítulo do Alcorão tem como título o sol, astro mais importante para a vida humana. Mas também cita a lua, o dia e a noite, bem como o céu (firmamento). Tudo isso é para fazer alusão ao fato de que Deus criou tudo o que nos é tão útil e, em contrapartida, os humanos muitas vezes são ingratos. No final posto também um vídeo com a recitação em árabe do capítulo.
1- Pelo sol e pelo seu esplendor (matinal),
2- Pela lua, que o segue,
3- Pelo dia, que o revela,
4- Pela noite, que o encobre.
5- Pelo firmamento e por Quem o construiu,
6- Pela terra e por Quem a dilatou,
7- Pela alma e por Quem a aperfeiçoou,
8- E lhe inspirou o que é certo e o que é errado;
9- Que será venturoso quem a (a alma) purificar,
10- E desventurado quem a corromper.
11- A tribo de Samud, por suas transgressões, desmentiu o seu mensageiro.
12- E o mais perverso deles se incumbiu (de matar a camela).
13- Apesar de o mensageiro de Deus lhes dizer: É a camela de Deus! Não a priveis da sua bebida!
14- Porém, desmentiram-no e a esquartejaram, pelo que o seu Senhor os exterminou, pelos seus pecados, a todos por igual.
15- E Ele não teme as consequências.

Explicações do Prof. Samir El Hayek:
Seis tipos de fenômenos da portentosa obra de Deus na natureza são tomados, em três pares, como símbolos ou evidências da providência de Deus, bem como os contrastes da Sua sublime criação que, contudo, conduzem à harmonia cósmica (versículo 1). Então (versículos 7-8) a alma do homem, com regularidade e proporção internas, em sua capacidades e faculdades proporcionadas por Deus, é posta em pauta, como tendo sido dotada do poder de discriminação entre o bem e o mal.

O primeiro par expresso no capítulo consiste do glorioso sol, a fonte da nossa luz e da nossa vida material, e da lua que o segue, subordinada a ele, na tarefa de iluminar o nosso mundo.

O par seguinte consiste, não de luminárias, mas de condições, de períodos de tempo, ou seja, o dia e a noite. Aquele revela a glória do sol e esta o esconde da nossa visão.

O par seguinte consiste do deslumbrante e altíssimo firmamento, e da terra debaixo dos nossos pés, dilatando-se e ampliando os nossos horizontes. O céu nos dá a chuva e a terra nos dá o alimento.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Al Láil - A Noite

Capítulos curtos do Alcorão - 92º Capítulo - Al Láil - A Noite

Tradução e explicações do Prof. Samir El Hayek:

Mais uma vez o Alcorão nos faz relacionar os fenômenos da Natureza, que foi tão inteligentemente criada por Deus, com as nossas ações. Desse modo, somos levados a considerar o quanto Deus foi benevolente para conosco e, por outro lado, muitas vezes nos esquecemos de retribuir em adoração tudo de bom que Ele nos deu. Vale a reflexão a respeito deste ponto de egoísmo de nossa parte. No final apresento a recitação em árabe deste capítulo do Alcorão.
1- Pela noite, quando cobre (a luz),
2- Pelo dia, quando resplandece,
3- Por Quem criou o masculino e o feminino,
4- Que os vossos esforços são diferentes (quanto às metas a serem atingidas).
5- Porém, àquele que dá (em caridade) e é temente a Deus,
6- E crê no melhor,
7- Facilitaremos o caminho do conforto.
8- Porém, àquele que mesquinhar e se considerar suficiente,
9- E negar o prestar contas,
10-Facilitaremos o caminho da adversidade.
11- E de nada lhe valerão os seus bens, quando ele cair no abismo.
12- Sabei que a Nós incumbe a orientação,
13- Assim como também são Nossos o fim e o começo.
14- Por isso, tenho-vos admoestado com o Fogo voraz,
15- Em que não entrará senão o mais desventurado,
16- que desmentir (a verdade) e a desdenhar.
17- Contudo, livrar-se-á dele o mais temente a Deus,
18- Que aplica os seus bens, com o fito de purificá-los,
19- E não faz favores a ninguém com o fito de ser recompensado,
20- Senão com o intuito de ver o Rosto do seu Senhor, o Altíssimo;
21- E logo alcançará (completa) satisfação.

Explicações do Prof. Samir El Hayek:
A evidência de três coisas é invocada, a saber: a noite, o dia e o mistério do sexo, sendo que a conclusão é manifestada no versículo 4, onde se lê que as metas dos homens diferem umas das outras. Similarmente, no entanto, há contrastes, na própria natureza. Que contraste poderia ser maior do que aquele existente entre a noite e o dia? Quando a noite estende o seu manto, a luz do sol fica escondida, mas não perdida. O sol ali está, em seu lugar e reaparecerá, no seu devido tempo. O homem que almeja diversas metas talvez as encontre, devido à sua posição. A luz de Deus é, para ele, obscurecida, mas ele deve esforçar-se tenazmente no sentido de se colocar numa posição que a alcance em toda a sua plenitude.

O mistério do sexo ocorre em todas as formas da vida. Há uma atração irresistível entre os opostos; cada um realiza as suas próprias funções, possuindo características especiais, primárias e secundárias, dentro de esferas limitadas, e ainda assim ambos têm características comuns em muitas outras esferas. Cada um é indispensável ao outro. O amor, no seu sentido mais nobre, é o paradigma de devoção celestial e o mais alto grau de benevolência; no seu sentido degradante, ele conduz aos pecados mais chãos e aos piores crimes. Aqui, então, é necessário um esforço, no sentido de se alcançar o mais alto grau de benevolência.

Deus, em Sua infinita misericórdia, proveu substancial orientação para as Suas criaturas. Para toda a Sua criação há marcos indicativos do caminho certo. Para o homem Ele concedeu os cinco sentidos da percepção, juntamente com as faculdades mentais e espirituais, a fim de que estas se coordenem com as suas percepções físicas e o conduzam cada vez mais para o alto, em pensamento e em sentimento. Ademais, Ele enviou homens inspirados para a orientação e para os ensinamentos mais vantajosos.

A palavra-raiz árabe zacca, tanto implica em aumento como em purificação, sendo que ambos os significados devem, aqui, estar contidos e ser entendidos. A riqueza (compreendida tanto literal, como metaforicamente) existe, não para satisfação egoísticas, nem para demonstrações de ócio. Ela é mantida em custódio. Poderá, intrinsecamente, constituir-se em uma prova, em cujo desempenho o homem que for bem sucedido será um homem de vida pura; e mesmo que ele tenha sido benevolente antes, o uso adequado da sua riqueza lhe aumentará a posição e a dignidade, no mundo moral e espiritual.



sábado, 17 de agosto de 2013

Adh Dhuha - As Horas da Manhã

Capítulos curtos do Alcorão - Adh Dhuha - As Horas da Manhã

Tradução e explicações do Prof. Samir El Hayek (vídeo com a recitação do capítulo):

Mais uma vez o Alcorão salienta a ajuda que concedeu ao profeta do Islamismo, Mohammad, que adveio de uma situação pobre e humilde e, não obstante, assumiu uma posição de destaque ao ser escolhido por Deus para ser o profeta da religião islâmica.  Portanto, destaca que devemos ser agradecidos com as bênçãos que recebemos ao longo de nossa vida, pois temos que nos lembrar das coisas boas que recebemos.
1- Pelas horas da manhã,
2- E pela noite, quando é serena,
3- Que o teu Senhor não te abandonou, nem te odiou.
4- E sem dúvida que a Outra Vida é melhor para ti, do que a presente.
5- Logo o teu Senhor te agraciará, de um modo que te satisfaça.
6- Porventura, não te encontrou órfão e te amparou?
7- Não te encontrou extraviado e te encaminhou?
8- Não te achou necessitado e te enriqueceu?
9- Portanto, não maltrates o órfão,
10- Nem tampouco repudies o mendigo,
11- Mas divulga a mercê do teu Senhor, em teu discurso.

Explicações do Prof. Samir El Hayek:
As horas da manhã representa a luz plena do sol quando, em seu esplendor, brilha, em contraste com as sombras da noite, que já passou. As crescentes horas da luz da manhã, do nascer do sol até ao meio-dia, equiparam-se ao crescimento da vida espiritual e do trabalho, ao passo que a quietude da noite constitui, para aqueles que a entendem, apenas uma preparação para isso. Não devemos imaginar que a serenidade ou a quietude da noite constitua um desperdício, ou signifique estagnação em nossa vida espiritual.

Há o caso do órfão, literal e figurativamente. O próprio profeta foi um órfão. Seu pai, Abdullah, morreu jovem, antes de Mohammad ter nascido, não deixando haveres alguns. Sua mãe, Amina, possuía saúde deficiente, e ele foi precipuamente criado por sua aia, Halima. Sua própria mãe morreu quando Mohammad tinha apenas seis anos de idade. Seu idoso avô, Abdul Muttalib, tratou dele como se fosse seu próprio filho, mas morreu dois anos mais tarde. Dali por diante, seu tio, Abu Talib, tratou dele, como se fora seu próprio filho. Deste modo, ele foi órfão por várias vezes, e mesmo assim o amor que recebeu, de cada uma das pessoas que tomaram conta dele, superou o costumeiro amor paterno ou materno.

O profeta nasceu em meio à idolatria e ao politeísmo de Meca, no seio de uma família que custodiava este falso culto. Ele percorreu as paragens em busca da Unicidade, e a encontrou, através da orientação de Deus. Nós, contudo, talvez nos encontremos vagando em dédalos de erros, em pensamentos, em motivações; devemos sempre orar pela graça de Deus, para que Ele nos dispense orientação.

Vídeo com a recitação do capítulo 93 do Alcorão


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O Islamismo e o Terrorismo: quebrando os preconceitos da mídia

Saber diferenciar o Terrorismo do Islamismo nos dias de hoje

O que há de mentiras no que é ventilado pela mídia sobre os muçulmanos:

O Islamismo e o Terrorismo:
Nos dias de hoje, na maioria das vezes que ouvimos falar do Islamismo ele está relacionado com terrorismo, homens bomba e fanáticos religiosos pregando a morte de infiéis. Além de ser pouco conhecido, alguns mal entendidos com relação ao Islamismo fazem com que esta religião seja mal compreendida e vítima de inúmeros preconceitos. Então, aconteceram os atentados de 11 de Setembro de 2001 contra os EUA: quatro aviões foram seqüestrados por terroristas islâmicos da Al Qaeda e foram utilizados como mísseis contra pontos estratégicos do país: dois aviões foram lançados contra as torres do World Trade Center (símbolo econômico americano), fazendo com que as duas torres desabassem, outro avião foi lançado contra o Pentágono (símbolo militar americano) e o quarto avião, que se dirigia à capital Washington, caiu na Pensilvânia após uma tentativa dos passageiros de recuperarem o avião. Cerca de três mil pessoas morreram e automaticamente o Islamismo foi associado à intolerância, fanatismo e terrorismo. A mídia mundial, em sua maioria, transmitia notícias que reforçavam os preconceitos e não contribuíam em distinguir o Islamismo do Terrorismo.
A religião islâmica é a que mais cresce no mundo: os muçulmanos já perfazem um total de 1,5 bilhões de pessoas. Não é certo dizermos que todos os muçulmanos são terroristas ou fanáticos, pois senão teríamos mais de um bilhão de pessoas prontas a se explodirem, matando milhares de inocentes. Os problemas relacionados com o terrorismo provêm de causas políticas, como a disputa por terras na Palestina e em outros cantos do mundo. O que aconteceu nos EUA foi um aproveitamento por parte dos líderes da Al Qaeda de um sentimento antiamericano entre a população dos países do Oriente Médio. O Alcorão, livro sagrado do Islamismo, proíbe terminantemente o assassinato de pessoas inocentes e defende que a vida é o bem mais precioso que Deus deu aos homens, proibindo também o suicídio:
“Ó crentes, não consumais reciprocamente os vossos bens, ilegalmente; que haja comércio de mútuo consentimento e não cometais suicídio, porque Deus é Misericordioso para convosco” (Alcorão, capítulo 4, versículo 29).
Existe uma expressão muito conhecida no Islamismo que é Jihad, que significa “Guerra Santa”. Ela é muito mal compreendida pelos não muçulmanos, que tendem a ver neste mandamento divino uma espécie de incentivo para se expandir a religião islâmica através da violência e do terror. No entanto, isto não é verdade: jihad não faz referência apenas à luta dos muçulmanos contra as pessoas de outras religiões. Jihad significa mais do que apenas guerra santa: significa esforço pessoal que todo muçulmano deve fazer para melhorar a sua vida perante Deus; por exemplo: Deus proíbe o consumo de bebida alcoólica:
“Interrogam-te a respeito da bebida inebriante e do jogo de azar; dize-lhes: Em ambos há benefícios e malefícios para o homem; porém, os seus malefícios são maiores do que os seus benefícios. Perguntam-te o que devem gastar (em caridade). Dize-lhes: Gastai o que sobrar das vossas necessidades. Assim Deus vos elucida os Seus versículos, a fim de que mediteis” (Alcorão, capítulo 2, versículo 219).
“Ó crentes, as bebidas inebriantes, os jogos de azar, (a cultuação aos) altares de pedra, e as adivinhações com setas são manobras abomináveis de Satanás. Evitai-as, pois, para que prospereis” (Alcorão, capítulo 5, versículo 90).
No entanto, caso um muçulmano tenha propensão ao consumo de bebidas alcoólicas, ou inebriantes, deverá empreender um esforço enorme para fazer cumprir as exigências de Deus no Alcorão, ou seja, terá que realizar a sua própria jihad para conseguir cumprir os mandamentos de Deus e melhorar a sua própria vida. Portanto, jihad significa esforço pessoal de um muçulmano para melhorar sua própria vida, e não apenas guerra santa contra os infiéis, como somos levados a crer pelas notícias que nos chegam pelas mídias.
A mídia costuma divulgar que todos os muçulmanos são terroristas. Na verdade, ela confunde problemas políticos locais com o que prega a religião islâmica

Mesmo a guerra santa contra inimigos da fé só é aceita em casos específicos e apenas contra os inimigos, jamais permitindo a morte indiscriminada de inocentes, dentre os quais inúmeras crianças e mulheres. Outra regra islâmica mal interpretada é a Lei do Talião, que prega a máxima “olho por olho, dente por dente”. Temos de ter em mente que esta lei surgiu em uma época remota, onde os meios de coerção de uma população eram precários. As penas capitais servem para manter o povo na linha, em uma espécie de exemplo para que atos ruins não sejam repetidos. Vejamos o que o Alcorão fala sobre ela:
“Quanto ao ladrão e à ladra, decepai-lhes a mão, como castigo de tudo quanto tenham cometido; é um castigo exemplar de Deus, porque Deus é Poderoso, Prudentíssimo. Aquele que, depois da sua iniqüidade, se arrepender e se emendar, saibam que Deus os absolverá, porque é Indulgente, Misericordioso” (Alcorão, capítulo 5, versículos de 38 a 39).
“Ó crentes, está-vos preceituado o talião para o homicídio: livre por livre, escravo por escravo, mulher por mulher. Mas se o irmão do morto perdoar o assassino devereis indenizá-lo espontânea e voluntariamente. Isso é uma mitigação e misericórdia de vosso Senhor. Mas quem vingar-se, depois disso, sofrerá um doloroso castigo. Tendes, no talião, a segurança da vida, ó sensatos, para vos refreeis” (Alcorão, capítulo 2, versículos de 178 a 179).
Mesmo estabelecendo a Lei do Talião, o Alcorão impõe também penas alternativas, o perdão e estabelece um limite para a vingança. Atualmente, na maioria dos países, não é permitido aos cidadãos realizarem justiça com as próprias mãos, pois isto cabe ao Estado e ao seu sistema judiciário. Devemos lembrar também que na Bíblia dos judeus e dos cristãos existem inúmeras passagens semelhantes, que pregam a vingança e a lei do “olho por olho, dente por dente”. Nos dias de hoje, apenas em sociedades muito tradicionais e afastadas dos grandes centros casos é observada a Lei do Talião. Novamente, não podemos confundir costumes tradicionais de uma região com o que prega a imensa maioria dos muçulmanos. O fato de o Alcorão ser levado a sério nos dias de hoje pelos muçulmanos pode gerar grandes mal entendidos, mas o Islamismo é uma religião que se propõe a apaziguar as relações humanas e não o contrário. O que não podemos fazer jamais é confundir as ações de algumas pessoas que são muçulmanas com os demais, ou seja, a partir da ação de alguns imaginarmos que todos os demais também são terroristas.
Com relação aos atentados de 11 de Setembro de 2001, o principal organizador por trás dos atentados foi o milionário saudita Osama Bin Laden, que fundou uma organização terrorista chamada Al Qaeda. O principal objetivo desta organização era atacar alvos ocidentais, judaicos e cristãos, por todo mundo, sobretudo Israel e os EUA. A Arábia Saudita é considerada a Terra Santa do Islamismo, pois lá estão localizadas as duas cidades mais sagradas da religião islâmica: Meca e Medina. Os terroristas islâmicos consideraram blasfêmia o fato de tropas americanas e inglesas se estabelecerem no solo sagrado da Arábia e elegeram estes dois países como principais inimigos da Al Qaeda. Além disso, historicamente os EUA tendem a apoiar politicamente o Estado de Israel, fundado em 1948 na região da Palestina: quando a ONU decidiu que Israel seria estabelecido na Palestina, terra onde os palestinos já estavam estabelecidos, o que causou uma onda de violência que persiste na região até os dias de hoje; e como os EUA, desde 1948, apóiam o estado judaico, os terroristas islâmicos escolheram os americanos e seus cidadãos como o principal inimigo a ser atacado.
O que os terroristas fazem, na verdade, é utilizar algumas regras do Alcorão para atender os seus interesses, mas fazem isso parcialmente, ou seja, utilizam apenas os versículos que os interessam, sem considerarem o contexto geral em que estão inseridos. Então, exploram as situações calamitantes da maioria dos países islâmicos, como a pobreza e a opressão dos regimes totalitários, para recrutar pessoas para serem terroristas. Os líderes terroristas são extremamente covardes ao aproveitar a pobreza e a ignorância das pessoas para torná-los terroristas. Allah, em nenhum momento, aprova a morte indiscriminada de inocentes, sobretudo crianças e mulheres, como se tais mortes pudessem compensar a morte de muçulmanos, em quaisquer condições. Alguns poderão justificar tais ataques como Lei do Talião, mas isso também não é correto: esta lei prescreve a vingança contra os próprios criminosos e não contra outras pessoas inocentes. Assim sendo, não há nenhuma relação direta entre os muçulmanos e os terroristas islâmicos: milhões de muçulmanos não podem ser considerados todos terroristas pelas ações criminosas de alguns muçulmanos que resolveram interpretar o Alcorão de forma a justificar seus problemas através de ações assassinas.
 Conclusão:
De todas as religiões monoteístas, que adoram o mesmo Deus, o Islamismo foi a última a surgir, depois do Judaísmo e do Cristianismo. Surgida no ano de 610 d.C., na cidade de Meca, teve como seu profeta Maomé, um órfão comerciante muito respeitado por toda a sua comunidade. No entanto, após as primeiras revelações e os ataques duros que o Islamismo fez contra o politeísmo reinante, a comunidade muçulmana foi perseguida e teve que se refugiar na cidade de Medina. Dez anos depois, Meca foi reconquistada e o Islamismo se expandiu rapidamente por toda Arábia, chegando ao Oriente Médio, Norte da África e a Península Ibérica (Espanha e Portugal). O Islamismo foi a religião que mais rapidamente se expandiu: em menos de cem anos após a morte de Maomé, a religião islâmica já estava expandida para regiões longínquas, muito além do seu espaço original da Arábia.
Em geral, os muçulmanos respeitavam as religiões das regiões que conquistavam pelas armas: uma vez que o Islamismo tem a mesma tradição do Judaísmo e do Cristianismo, reconhecendo os mesmos profetas e com um livro sagrado (Alcorão) com histórias comuns à Torá e ao Evangelho. Pagando uma taxa, tanto judeus como cristãos podiam praticar sua religião com total liberdade. Além da liberdade religiosa, a construção do Império Islâmico possibilitou o florescimento cultural que garantiu inúmeras obras culturais que se tornaram legados da humanidade: em uma época em que a Europa estava afundada na Idade Média, após a queda do Império Romano, os muçulmanos, em convivência com judeus e cristãos, mantinham os ensinamentos dos antigos gregos e romanos vivos, produzindo novos conhecimentos e uma cultura rica. Posteriormente, quando os europeus deram início ao Renascimento e procuraram recuperar o conhecimento da Antiguidade, foi nas cidades islâmicas que eles buscaram as obras que durante a Idade Média haviam deixado de lado.
Se o Deus é o mesmo, porque temos que nos matar? Não devemos confundir os problemas mundanos com as crenças religiosas de cada um

Atualmente, a convivência entre os muçulmanos e os cristãos vive momento delicado: o choque de culturas diversas vezes provoca preconceito, falta de conhecimento e mal entendidos. Os muçulmanos, com uma religião rigorosa, que interfere em cada aspecto de sua vida, por vezes se sentem desconfortáveis em um mundo que parece ter cada vez menos espaço para Deus. E as culturas com características diferentes têm enormes dificuldades em conviver em situação de respeito. Para as novas gerações a tarefa é árdua: conhecer para respeitar; respeitar para conviver. Somente através do conhecimento podemos abandonar os preconceitos, respeitar as diferenças e conseguirmos construir um mundo mais tolerante e capaz de aproveitar o melhor de cada ser humano para que o mundo seja um pouco melhor, menos violento e que as pessoas sejam julgadas pela sua capacidade e não pela sua crença ou cor da sua pele. Aceite este desafio e melhore o mundo em que você vive.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A Mulher Muçulmana - Mais um enfoque na questão feminina no Islamismo

Como responder a algumas perguntas sobre a mulher muçulmana?

Mais suportes para refutar a ideia de que as muçulmanas são oprimidas no Islamismo:



A Mulher no Islamismo:
São várias as pessoas que entendem o Islamismo como se tratando de uma religião machista, que minimiza a mulher. O uso do véu, a permissão para que o homem tenha até quatro mulheres e os casamentos acertados pelos pais são algumas das provas que levam a supor que a mulher, no Islamismo, não tem direitos e está submissa ao homem. Para os muçulmanos, no entanto, a realidade é outra: esta visão machista é transmitida pelos meios de comunicação que, na maioria dos casos, desconhece a cultura islâmica e os detalhes contidos no Alcorão sobre as relações entre homens e mulheres. Tentemos explicar cada uma das práticas que caracterizam as mulheres no Islamismo:
a-) O casamento com até quatro mulheres: no início do Islamismo os primeiros muçulmanos se envolviam em inúmeras guerras para a implantação da nova religião. A Arábia pré-islâmica era marcada pelo abuso dos homens contra as mulheres: as meninas geralmente eram enterradas vivas ao nascerem, pois era trabalhoso demais ter mulheres nas famílias; além disso, os homens tinham inúmeras mulheres, com outras tantas concubinas, sem respeitar os direitos de todas elas. O Alcorão estabeleceu as seguintes regras com relação ao casamento: os homens só poderiam ter, no máximo, quatro mulheres, desde que pudessem oferecer as mesmas condições para cada uma de suas esposas e respectivas mulheres; caso não pudessem cumprir esta obrigação, deveriam se limitar a apenas uma esposa. Mas porque mais de uma mulher? Como dito anteriormente, os primeiros muçulmanos se envolviam em inúmeras guerras; as mulheres, naquela época, dependiam inteiramente de seus esposos e parentes, pois não possuíam a liberdade econômica que hoje possuem. Os homens morriam em grande número e deixavam as mulheres desamparadas: para que elas não ficassem sozinhas e viessem a se sustentar de maneiras ilícitas, Deus autorizou que os homens tomassem mais de uma esposa, mas desde que pudesse sustentá-las da mesma forma. Atualmente, o costume de se ter mais de uma esposa está entrando em desuso: nas grandes cidades este costume não é mais seguido e as mulheres também não aceitam mais dividir seus maridos com outras mulheres; apenas em lugares mais tradicionais e menos modernos este costume ainda é seguido; nestes lugares o casamento arranjado também é comum, mas está entrando em desuso. Portanto, não se trata de uma questão de privilégio aos homens e sim uma questão histórica e que surgiu como uma preocupação para com as próprias mulheres.
b-) O uso do véu pelas mulheres: atualmente, muitos países europeus estão proibindo que as mulheres usem o véu islâmico em público, prevendo inclusive multas. Além disso, diversas organizações de proteção das mulheres condenam o uso do véu como uma forma de opressão das mulheres. Por outro lado, existem movimentos de mulheres muçulmanas que exigem o reconhecimento de sua vontade de usar o véu, mesmo em público, e negam que tal uso seja ofensivo à sua liberdade. A verdade, como sempre, está no meio termo. Tentemos identificar a origem do uso do véu: nos primeiros anos da comunidade islâmica o uso do véu foi adotado para diferenciar as mulheres de Maomé das demais muçulmanas, como uma forma de respeito às esposas do profeta. No entanto, as demais mulheres exigiram que os mesmos direitos das mulheres do profeta fossem estendidos a todas as mulheres muçulmanas: portanto, o uso do véu, que a princípio era restrito às mulheres do profeta, foi estendido a todas as muçulmanas por exigência das próprias mulheres. O principal objetivo do véu é resguardar a mulher da cobiça masculina, para que ela seja valorizada não pela sua aparência, pelos seus atrativos físicos, e sim por seus valores morais e de inteligência. Atualmente, no mundo moderno, sobretudo no Ocidente, a mulher está exposta e é considerada mais como objeto sexual, sendo considerada como uma mercadoria; o uso do véu nestes casos serviria para resguardar as mulheres dos olhares de cobiça e para que elas sejam valorizadas pela sua inteligência, pelos seus valores e pela sua moral e não apenas pela sua aparência ou por sua beleza física, como se fosse uma mercadoria de mercado. No entanto, o convívio das muçulmanas com o mundo moderno, sobretudo no Ocidente, torna o uso do véu uma obrigação cada vez mais difícil. O debate sobre o uso do véu como uma forma de opressão das mulheres ou uma forma de se identificar como muçulmana é interminável, mas apenas quem entende sua origem e seu real objetivo é capaz de formular uma opinião realmente racional e menos apaixonada.
A mulher não é oprimida no Islamismo, ao contrário do que se diz na mídia. Ela tem seus direitos e suas qualidades.

c-) A mulher no Alcorão: o livro sagrado dos muçulmanos destina-se a todos os humanos, sejam homens ou mulheres. São muitas as passagens do Alcorão que citam as mulheres e sua importância, bem como a forma como devem ser tratadas pelos homens:
“Vossas mulheres são vossas sementeiras. Desfrutai, pois, da vossa sementeira, como vos apraz; porém, praticai boas obras antecipadamente, temei a Deus e sabei que comparecereis perante Ele. E tu (ó Mensageiro), anuncia aos crentes (a bem aventurança)(Alcorão, capítulo 2, versículo 223).
“Quanto àquelas, dentre vossas mulheres, que tenham incorrido em adultério, apelai para quatro testemunhas, dentre os vossos e, se estas o confirmarem, confinai-as em suas casas, até que lhes chegue a morte ou que Deus lhes trace um novo destino” (Alcorão, capítulo 4, versículo 15).
“Está-vos vedado casar com: vossas mães, vossas filhas, vossas irmãs, vossas tias paternas e maternas, vossas sobrinhas, vossas nutrizes, vossas irmãs de leite, vossas sogras, vossas enteadas que estão sob vossa tutela – filhas das mulheres com quem tenhais coabitado; porém, se não houverdes tido relações com as mães, não sereis recriminados por desposá-las. Também vos está vedado casar com as vossas noras, esposas de vossos filhos carnais, bem como unir-vos, em matrimônio, com duas irmãs – salvo fato consumado (anteriormente); sabei que Deus é Indulgente, Misericordioso” (Alcorão, capítulo 4, versículo 23).
“Dize às crentes que recatem os seus olhares, conservem os seus pudores e não mostrem os seus atrativos, além dos que (normalmente) aparecem; que cubram o colo com seus véus e não mostrem os seus atrativos, a não ser aos seus esposos, seus pais, seus sogros, seus filhos, seus enteados, seus irmãos, seus sobrinhos, às mulheres suas servas, que suas mãos direitas possuem, seus criados isentos das necessidades sexuais, ou às crianças que não discernem a nudez das mulheres; que não agitem os seus pés, para chamarem a atenção sobre seus atrativos ocultos. Ó crentes, voltai-vos todos, arrependidos, a Deus, a fim de que vos salveis” (Alcorão, capítulo 24, versículo 31).
Os muçulmanos só podem se casar com as mulheres que sejam muçulmanas, cristãs e judias; já as muçulmanas só podem se casar com muçulmanos, nunca com homens de outra religião. O motivo desta obrigação se deve à preocupação com os filhos, que também devem ser muçulmanos: a tendência é que as mulheres sempre sigam os maridos à mesquita, mas um homem que não seja muçulmano dificilmente acompanharia as mulheres às mesquitas ou deixariam que ela fosse sozinha; da mesma forma, dificilmente deixariam que seus filhos fossem muçulmanos caso eles próprios não fossem. Baseado na tendência histórica de que é o homem que sempre decide a rotina familiar, esta obrigação das mulheres de se casarem apenas com muçulmanos é uma preocupação religiosa e não um preconceito contra as mulheres.

d-) Os costumes tradicionais e o Islamismo: costuma-se confundir muito as tradições regionais com religião, coisa que não ajuda em diminuir os preconceitos. Um exemplo muito claro se deu na Nigéria, onde uma mulher muçulmana foi mutilada na sua genitália para que não sentisse prazer; como ela era muçulmana e sua família também, a imprensa anunciou que os muçulmanos mutilavam as suas mulheres. Isto não era verdade: o costume de se mutilar a genitália feminina era anterior ao Islamismo, um costume da tribo nigeriana que não tem relação alguma com o Islamismo. O próprio Alcorão defende os direitos das mulheres e condena qualquer tipo de agressão e desprezo pelas mulheres. Não podemos confundir, além disso, algumas lutas políticas regionais com a essência do Islamismo: um exemplo disso é a Palestina, onde ocorrem inúmeras disputas políticas, que costumam descambar para atentados políticos e intolerância, mas se tratam de problemas de ordem política e não apenas religiosa. Temos que tomar cuidado para não confundirmos problemas sociais e políticos com tendências religiosas.

Vídeo que mostra o real tratamento dado às mulheres no Islamismo, o que muitas vezes a mídia de massas não costuma mostrar

domingo, 11 de agosto de 2013

Ax Xarh - A Expansão

Capítulos curtos do Alcorão - 94º Capítulo - Ax Xarh

Tradução e explicações do Prof. Samir El Hayek:

Neste capítulo destaca-se o fato de Deus ter expandido os horizontes de Mohammad, a ponto de torná-lo profeta do Islamismo, sendo que nasceu pobre e órfão. Em uma generalização para os demais seres humanos, Deus afirma que na adversidade está a facilidade, ou seja, através das provações de nossas vidas ficamos cada vez mais fortes e sempre nos advém boas coisas quando somos pacientes e temos fé em Deus e em sua ajuda. Ao final das explicações vou postar a recitação em árabe deste capítulo.
1- Acaso, não expandimos o teu peito,
2- E aliviamos o teu fardo,
3- Que vergava as tuas costas,
4- E enaltecemos a tua reputação?
5- Em verdade, com a adversidade está a facilidade!
6- Certamente, com a adversidade está a facilidade!
7- Assim, pois, quando estiveres livre (dos teus afazeres), continua o teu esforço,
8- E volta para o teu Senhor (toda) a atenção.

Explicações do Prof. Samir El Hayek:
O peito é simbolicamente tomado como a sede do conhecimento e dos sentimentos altruísticos, do amor e da afeição, bem como o repositório em que estão armazenadas as jóias concernentes à qualidade do caráter humano, o qual se aproxima da divindade. A natureza humana do profeta foi purificada, desdobrada e elevada, tanto que ele se tornou uma Misericórdia para toda a Criação. Com tal natureza, ele possuía recursos para poder passar por cima das intenções rasteiras da humanidade comum, que fazia com que fossem feitos contra ele ataques vergonhosos. Seu vigor e coragem podiam, ainda, fazer com que ele suportasse o fardo de um trabalho estafante que tinha de ser feito, no sentido de apontar o pecado, dominá-lo, e proteger da opressão as criaturas de Deus.

O quinto versículo é repetido para imprimir uma ênfase extra. Sejam quais forem as adversidades ou vicissitudes com que se deparem os homens, Deus sempre providencia uma solução, uma saída, um alívio, um meio que nos leve ao conforto e à felicidade, desde que sigamos o Seu Caminho, mostremos fé e paciência e pratiquemos o bem. Contudo, a solução, ou o alívio, não acontece meramente depois das adversidades; vem com elas. Nós compreendemos o sentido genérico do artigo definido 'usr e o traduzimos por "adversidade".


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

At Tin - O Figo

Capítulos curtos do Alcorão - 95º Capítulo - At Tin - O Figo

Tradução e explicações do Prof. Samir El Hayek:

Mais uma vez o Alcorão retoma a retórica de que tudo o que somos e temos advém das bênçãos de Allah, mas que constantemente estamos recusando a adorarmos e agradecermos a Ele. Então no Alcorão cita-se o figo, a oliva e o monte Sinai, deixando claro as origens do Islamismo e o fato de que o Deus é o mesmo do judaísmo e do cristianismo, de forma que temos um laço com todas as religiões monoteístas, e não somos uma religião diferente.


1- Pelo figo e pela oliva,
2- Pelo monte Sinai,
3- E por esta metrópole segura (Meca),
4- Que criamos o homem na mais perfeita proporção.
5- Então, o reduzimos à mais baixa das escalas,
6- Salvo os crentes, que praticam o bem; estes terão uma recompensa infalível.
7- Quem, então, depois disto, te contradirá, quanto ao Dia do Juízo?
8- Acaso, não é Deus o mais prudente dos juízes?

Explicações do Prof. Samir El Hayek:
A cláusula substantiva encontra-se nos versículos 4 até 8, e está atrelada ao apelo a quatro símbolos sagrados, a saber: o figo, a oliva, o monte Sinai e a cidade sagrada de Meca. Sobre a interpretação precisa dos dois primeiros símbolos, em especial o símbolo do figo, há muita controvérsia. Se tomarmos o figo literalmente, como fruto ou árvore, isso poderá servir de simbolismo ao destino do homem, de várias maneiras. Após o cultivo, ele poderá tornar-se a mais deliciosa e completa fruta que existe; em seu estado primitivo, nada mais é do que uma diminuta semente insípida, não raro cheia de bichos e de larvas. O homem, também, quanto às suas boas qualidades, possui um destino nobre; quanto às suas más qualidades, pertence à mais baixa das escalas.

Após termos discutido, em detalhes, os quatro símbolos, passemos a considerá-los em conjunto. Está claro que eles se referem à Luz de Deus ou Revelação, a qual mostra ao homem o mais altruístico destino, caso ele se disponha a seguir o Caminho. A cidade de Meca está, para o Islamismo, como o monte Sinai, para Israel, como o Jardim das Oliveiras, para a original e pura Mensagem de Jesus Cristo. Seguindo este princípio, todas as grandes religiões do mundo poderiam ser indicadas. Entretanto, mesmo que nos referíssemos ao figo e à oliva no tocante ao simbolismo contido em suas naturezas como frutos, e não a qualquer religião em especial, o contraste entre o Melhor e o Pior destino do homem persistiria, e ele continuaria a constituir no escopo principal.

Taqwim (proporção): molde, simetria, forma, natureza, constituição. Não há imperfeição na criação de Deus.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Festa do Final de Ramadã - Eid Al Fitr

Um dia especial para o fim de Ramadã

Na mesquita, orações, cumprimentos e um belo café da manhã:

Hoje foi um dia muito especial: a festa do final do mês sagrado de Ramadã, chamada de Eid Al Fitr, marcou o encerramento de um mês de jejum, orações e boas ações de todos os muçulmanos ao redor do mundo. Como não poderia deixar de ser, fiz todo o possível para comparecer na mesquita de Santo Amaro, pela qual tenho um carinho especial, pois foi a primeira mesquita que visitei na vida.
A caminho do café da manhã: após o final do Ramadã, juntamente com os irmãos muçulmanos, encaminho-me para o café da manhã comunitário

Ao chegarmos na mesquita, rezamos o tacbir, oração especial para o dia; depois rezamos a oração em comunidade, cerca de duzentas pessoas juntas, sendo que as mulheres rezaram em um lugar reservado.
A emoção era muito grande entre todos os presentes, pois haviam se esforçado muito para chegar àquele dia. Entre os presentes havia até um senhor de 106 anos, esbanjando saúde e bom humor. Cumprimentamos uns aos outros e encontrei o Prof. Samir El Hayek, o grande colaborador deste blog.
Depois foi a hora do café da manhã coletivo, com a fartura que todos os jejuadores mereciam depois dos esforços de Ramadã.
Foi um dia espetacular para todos nós. A grande festa da fé e como ela nos faz suportar todos os desafios para adorarmos a Deus. A fé, realmente, move montanhas.
Muitos irmãos muçulmanos participaram do café da manhã do final do Ramadã: um momento especial com muitas delícias

A todos os leitores deste blog, muito obrigado pela paciência com os meus textos e minhas divulgações. Espero que tenham ajudado a esclarecer um pouco mais sobre o Islamismo. Se isso ocorreu em algum momento, considero cumprida parte da minha missão e minha ação de Ramadã. 

Que Allah me dê forças para continuar a alimentar este blog com informações úteis e corretas.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Final do Ramadã - Uma Conquista

Um mês sagrado, um sacrifício que espero válido

O mês sagrado de Ramadã em um país não-muçulmano:

Hoje acaba o mês sagrado de Ramadã e amanhã, se Deus quiser, é o dia da festa do Eid, que marca o final do mês. Foi um mês de muito esforço em nome da fé, no qual enfrentei a fome e a sede, não sem fraquejar, mas consegui. Não fosse o apoio incondicional de minha querida esposa Daniela, não teria conseguido.
Realizar o jejum de Ramadã em um país como o Brasil não é nada fácil, sobretudo porque as pessoas de minha convivência não estão no mesmo "barco".  Em todos os lugares e compromissos tem sempre pessoas comendo ou bebendo. Todos os apelos no sentido da quebra do jejum estão presentes e contra eles é preciso lutar: é este o significado do JIHAD, o esforço pessoal que fazemos em nome da fé que temos em Allah.
É claro que o mês de Ramadã não se resume simplesmente ao jejum, à abstinência de comidas, bebidas (inclusive a água) e de relações sexuais: em outros estágios ele inclui evitar palavras maléficas, fofocas e intrigas e, em um terceiro estágio, abrange até mesmo os pensamentos maléficos e pecaminosos. É claro que muitos dias, senão a maioria deles, não consegui ultrapassar sequer o primeiro estágio, mas creio que minha intenção firme e apenas por questão de fé em obedecer um mandamento divino deve ser algo reconhecível.
E como principal realização deste Ramadã, com todos os esforços diários, surgiu este blog, através do qual venho buscando divulgar mais o Islamismo e desmistificar o que muitos muçulmanos sentem ao longo de vários anos: no Brasil o Islamismo é pouco conhecido e, se consegui pelo menos em pequena parte, fazer conhecer o Islamismo um pouco mais pelos demais, já tenho considerado minha intenção bem sucedida. Isto é um tarawih, ou ação de adoração voluntária realizada no mês de Ramadã.
Um dos momentos mais belos deste Ramadã foi quando levei meu filho mais velho, Arthur, para a mesquita: ensinar os filhos no caminho do Islamismo deve ser minha principal missão


Tudo isso é em nome de Deus, Clemente e Misericordioso, que concede força e determinação às pessoas. Deus me fez perfeito e com saúde, brindou-me com uma linda e saudável família. Portanto, como ensina o Alcorão, devo retribuir com atos de adoração e agradecimento. O jejum do Ramadã, que se encerra hoje, é um destes atos; a produção deste blog é outra. E com muita fé agradeço a todos que estão acessando o meu blog e contribuindo de alguma forma. Como os muçulmanos dizem : SALAMU ALEIKUM RAHMATULAH WABARAKATU (QUE A PAZ DE DEUS E SUAS BÊNÇÃOS O ACOMPANHEM).
Este vídeo não é recente, mas indica como os muçulmanos encaram o Ramadã e a festa de seu encerramento no Brasil

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Jesus Cristo para os Muçulmanos

Como o Islamismo encara Jesus Cristo?

Ao contrário do que muita gente pensa, os muçulmanos acreditam em Jesus:

Jesus no Islamismo:
Ao contrário do que a maioria das pessoas tende a acreditar, Jesus ocupa um papel especial no Islamismo. Em primeiro lugar, ele é considerado um dos grandes profetas que Deus enviou aos humanos para poder orientá-los no caminho correto que leva à presença de Deus. Além disso, o seu nascimento miraculoso, da Virgem Maria, também faz parte da crença dos muçulmanos, assim como todos os milagres narrados nos Evangelhos. Para completar, podemos dizer que em todo o Alcorão, a única mulher que é citada pelo próprio nome é Maria, a mãe de Jesus: um dos capítulos do Alcorão (capítulo 19) chama-se Marian, ou Maria em árabe.
No entanto, existem duas diferenças básicas que fazem toda a diferença entre o Islamismo e o Cristianismo, que podemos explicar a partir do próprio Alcorão:
“Dize: ele é Deus, o Único! Deus, o Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele!” (Alcorão, capítulo 112, versículos de 1 a 4).
Neste curto capítulo do Alcorão aparecem as duas únicas diferenças entre o Islamismo e o Cristianismo, mas que fazem toda a diferença em questão de fé: em primeiro lugar, o Alcorão afirma que Deus jamais gerou ou foi gerado, ou seja, que Deus não pode ter filhos e também não pode ser filho de ninguém; não podemos nos esquecer que uma das principais crenças dos cristãos é a de que Jesus é filho de Deus. A isto o Islamismo explica que as escrituras dizem filho de Deus no sentido figurado, pois todas as criaturas, por terem sido criadas por Deus, são seus filhos espirituais. No entanto, a crença foi alterada por interesses de poder de modo a fazer crer que Jesus fosse filho no sentido literal, o que seria um equivoco, pois quem possuía filhos eram as divindades pagãs, da época do politeísmo (por exemplo, Zeus para os gregos e Júpiter para os romanos). Já vimos em momentos anteriores que foram feitas diversas adaptações do Cristianismo com a religião romana para facilitar a aceitação do Cristianismo por parte da população romana e também por parte do governo do Império Romano.
Em segundo lugar, o Alcorão afirma que ninguém pode ser comparado com Deus, pois isto seria considerado politeísmo, uma vez que Deus é único e a tudo criou: quem é criado por algo, jamais, pode ser considerado igual a quem o criou. Portanto, no Islamismo, a crença cristã da Trindade é veementemente rejeitada e considerada pecaminosa, pois assumir três divindades (Deus, Jesus e o Espírito Santo), seria incorrer no politeísmo. Mesmo a interpretação um tanto enigmática de que se trata de três pessoas em uma não é aceita, pois é contrária aos sentidos e à racionalidade. Já vimos anteriormente que, mesmo entre os primeiros cristãos, a crença da divindade de Jesus foi recebida com muitas críticas, além de ter sido formalizada somente quatrocentos anos após a morte de Cristo: em nenhum momento Jesus afirmou ser divino ou Deus ele próprio. Dessa forma, tanto o Islamismo como o Judaísmo consideram a teoria da Trindade e da divindade de Jesus um tanto quanto absurda e totalmente ofensiva ao monoteísmo de Deus.
Portanto, de que forma Jesus Cristo é visto pelos muçulmanos? Em primeiro lugar, os muçulmanos consideram Jesus um profeta de grande valor, pois a ele Deus enviou um livro sagrado (os Evangelhos) e através de Jesus muitos milagres foram feitos. Sua mãe, Maria, foi escolhida por ser uma mulher de grande fé e valor, sendo respeitada por todos os muçulmanos, mas sem ser considerada santa ou sem ser colocada como intermediária de Deus. Vejamos como o próprio Alcorão se refere a Jesus e à sua mãe, Maria:
“E menciona Maria, no Livro, a qual se separou de sua família, indo a um local ao leste. E colocou uma cortina para ocultar-se da família, e lhe enviamos o Nosso Espírito (Arcanjo Gabriel), que lhe apareceu personificado, como um homem perfeito. Disse-lhe ela: Guardo-me de ti no Clemente, se é que temes a Deus. Explicou-lhe: Sou tão somente o mensageiro do teu Senhor, para agraciar-te com um filho imaculado. Disse-lhe: Como poderei ter um filho, se nenhum homem me tocou e jamais deixei de ser casta? Disse-lhe: Assim será, porque teu Senhor disse: Isso Me é fácil! E faremos disso um sinal para os homens, e será uma prova de Nossa misericórdia. E foi uma ordem decretada” (Alcorão, capítulo 19, versículos de 16 a 21).
“Na verdade, o caso de Jesus, perante deus, é como o caso de Adão. Ele criou-o do pó, e depois disse-lhe: Seja, e ele foi” (Alcorão, capítulo 3, versículo 59).
“E quando os anjos disseram: Ó Maria, Deus te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os próximos de Deus. Falará aos homens, ainda no berço, bem como na maturidade, e se contará entre os virtuosos. Perguntou: Ó Senhor meu, como poderei ter um filho, se mortal algum jamais me tocou? Disse-lhe o anjo: Assim será. Deus cria o que deseja, posto que quando decreta algo, basta dizer: Seja! E é” (Alcorão, capítulo 3, versículos de 45 a 47).
“E depois deles (profetas), enviamos Jesus, filho de Maria, corroborando a Torá que o precedeu; e lhe concedemos o Evangelho, que encerra orientação e luz, corroborante do que foi revelado na Torá, e orientação e exortação para os tementes” (Alcorão, capítulo 5, versículo 46).
Maria, a mãe de Jesus, é a única mulher citada pelo nome em todo o Alcorão

Como podemos ver nestes versículos do Alcorão, Jesus é considerado um importante profeta, para o qual foram revelados os Evangelhos. No entanto, devemos ressaltar que estes evangelhos citados no Alcorão não são os mesmo que hoje encontramos no Novo Testamento da Bíblia: os escritos originais da época de Jesus desapareceram ou foram alterados pelos interesses particulares, de forma que, para os muçulmanos, apenas alguns fragmentos verdadeiros ainda podem ser encontrados nos evangelhos atuais. Para os muçulmanos, nenhum dos profetas é mais importante do que outros: tanto Jesus, Moisés ou mesmo Maomé, são tão importantes quanto Abraão, David, Isaac ou mesmo Adão.
Outra diferença significativa se refere à morte de Jesus: enquanto os cristãos acreditam que ele foi crucificado e teria ressuscitado após três dias, os muçulmanos não acreditam que ele foi crucificado, ou mesmo morto:
“E por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o mensageiro de Allah, embora não tendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, mas o confundiram com outro. E aqueles que discordam quanto a isso estão na dúvida, porque não possuem conhecimento algum, mas apenas conjecturas para seguir; porém, certamente, não o mataram. Mas Allah o fez ascender até Ele, porque é Poderoso, Prudentíssimo” (Alcorão, capítulo 4, versículos de 157 a 158).
Este vídeo, a partir de 19:25 começa a falar sobre a visão islâmica de Jesus. Este filme é "A Mensagem" e está disponível completo no Youtube em português, dividido em partes

Portanto, para os muçulmanos, no momento de sua prisão, Deus confundiu os soldados fazendo-os crer que prendiam Jesus quando na realidade era Judas o preso. Enquanto Judas era crucificado no lugar de Jesus, este era levado para os céus por Deus, de onde retornará no final dos tempos para separar os bons seres humanos dos maus e, então, finalmente, morrerá como todos os demais e o fim dos tempos terá início.

A crença dos muçulmanos em Jesus Cristo é uma surpresa para muitas pessoas não familiarizadas com o Islamismo: Jesus é considerado um profeta, nascido de forma miraculosa e através do qual muitos milagres foram realizados. Os muçulmanos, no entanto, não aceitam adorá-lo como um deus, mesmo que filho, nem ao menos considerá-lo como filho de Deus no sentido literal. Maria, sua mãe, também recebe um tratamento especial e é considerada uma das maiores mulheres já criadas por Deus. Jesus foi o penúltimo profeta enviado por Deus aos humanos: o último foi Maomé. Tanto um quanto o outro estão inseridos na longa tradição de profetas enviados por Deus, que teve início com Adão, passou por Abraão, Isaac, Moisés, David, o próprio Jesus, e se encerrou com Maomé. Portanto, todo muçulmano que crê que Maomé foi profeta de Deus acredita, obrigatoriamente, que Jesus Cristo é um profeta de Allah.