terça-feira, 6 de agosto de 2013

Jesus Cristo para os Muçulmanos

Como o Islamismo encara Jesus Cristo?

Ao contrário do que muita gente pensa, os muçulmanos acreditam em Jesus:

Jesus no Islamismo:
Ao contrário do que a maioria das pessoas tende a acreditar, Jesus ocupa um papel especial no Islamismo. Em primeiro lugar, ele é considerado um dos grandes profetas que Deus enviou aos humanos para poder orientá-los no caminho correto que leva à presença de Deus. Além disso, o seu nascimento miraculoso, da Virgem Maria, também faz parte da crença dos muçulmanos, assim como todos os milagres narrados nos Evangelhos. Para completar, podemos dizer que em todo o Alcorão, a única mulher que é citada pelo próprio nome é Maria, a mãe de Jesus: um dos capítulos do Alcorão (capítulo 19) chama-se Marian, ou Maria em árabe.
No entanto, existem duas diferenças básicas que fazem toda a diferença entre o Islamismo e o Cristianismo, que podemos explicar a partir do próprio Alcorão:
“Dize: ele é Deus, o Único! Deus, o Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele!” (Alcorão, capítulo 112, versículos de 1 a 4).
Neste curto capítulo do Alcorão aparecem as duas únicas diferenças entre o Islamismo e o Cristianismo, mas que fazem toda a diferença em questão de fé: em primeiro lugar, o Alcorão afirma que Deus jamais gerou ou foi gerado, ou seja, que Deus não pode ter filhos e também não pode ser filho de ninguém; não podemos nos esquecer que uma das principais crenças dos cristãos é a de que Jesus é filho de Deus. A isto o Islamismo explica que as escrituras dizem filho de Deus no sentido figurado, pois todas as criaturas, por terem sido criadas por Deus, são seus filhos espirituais. No entanto, a crença foi alterada por interesses de poder de modo a fazer crer que Jesus fosse filho no sentido literal, o que seria um equivoco, pois quem possuía filhos eram as divindades pagãs, da época do politeísmo (por exemplo, Zeus para os gregos e Júpiter para os romanos). Já vimos em momentos anteriores que foram feitas diversas adaptações do Cristianismo com a religião romana para facilitar a aceitação do Cristianismo por parte da população romana e também por parte do governo do Império Romano.
Em segundo lugar, o Alcorão afirma que ninguém pode ser comparado com Deus, pois isto seria considerado politeísmo, uma vez que Deus é único e a tudo criou: quem é criado por algo, jamais, pode ser considerado igual a quem o criou. Portanto, no Islamismo, a crença cristã da Trindade é veementemente rejeitada e considerada pecaminosa, pois assumir três divindades (Deus, Jesus e o Espírito Santo), seria incorrer no politeísmo. Mesmo a interpretação um tanto enigmática de que se trata de três pessoas em uma não é aceita, pois é contrária aos sentidos e à racionalidade. Já vimos anteriormente que, mesmo entre os primeiros cristãos, a crença da divindade de Jesus foi recebida com muitas críticas, além de ter sido formalizada somente quatrocentos anos após a morte de Cristo: em nenhum momento Jesus afirmou ser divino ou Deus ele próprio. Dessa forma, tanto o Islamismo como o Judaísmo consideram a teoria da Trindade e da divindade de Jesus um tanto quanto absurda e totalmente ofensiva ao monoteísmo de Deus.
Portanto, de que forma Jesus Cristo é visto pelos muçulmanos? Em primeiro lugar, os muçulmanos consideram Jesus um profeta de grande valor, pois a ele Deus enviou um livro sagrado (os Evangelhos) e através de Jesus muitos milagres foram feitos. Sua mãe, Maria, foi escolhida por ser uma mulher de grande fé e valor, sendo respeitada por todos os muçulmanos, mas sem ser considerada santa ou sem ser colocada como intermediária de Deus. Vejamos como o próprio Alcorão se refere a Jesus e à sua mãe, Maria:
“E menciona Maria, no Livro, a qual se separou de sua família, indo a um local ao leste. E colocou uma cortina para ocultar-se da família, e lhe enviamos o Nosso Espírito (Arcanjo Gabriel), que lhe apareceu personificado, como um homem perfeito. Disse-lhe ela: Guardo-me de ti no Clemente, se é que temes a Deus. Explicou-lhe: Sou tão somente o mensageiro do teu Senhor, para agraciar-te com um filho imaculado. Disse-lhe: Como poderei ter um filho, se nenhum homem me tocou e jamais deixei de ser casta? Disse-lhe: Assim será, porque teu Senhor disse: Isso Me é fácil! E faremos disso um sinal para os homens, e será uma prova de Nossa misericórdia. E foi uma ordem decretada” (Alcorão, capítulo 19, versículos de 16 a 21).
“Na verdade, o caso de Jesus, perante deus, é como o caso de Adão. Ele criou-o do pó, e depois disse-lhe: Seja, e ele foi” (Alcorão, capítulo 3, versículo 59).
“E quando os anjos disseram: Ó Maria, Deus te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os próximos de Deus. Falará aos homens, ainda no berço, bem como na maturidade, e se contará entre os virtuosos. Perguntou: Ó Senhor meu, como poderei ter um filho, se mortal algum jamais me tocou? Disse-lhe o anjo: Assim será. Deus cria o que deseja, posto que quando decreta algo, basta dizer: Seja! E é” (Alcorão, capítulo 3, versículos de 45 a 47).
“E depois deles (profetas), enviamos Jesus, filho de Maria, corroborando a Torá que o precedeu; e lhe concedemos o Evangelho, que encerra orientação e luz, corroborante do que foi revelado na Torá, e orientação e exortação para os tementes” (Alcorão, capítulo 5, versículo 46).
Maria, a mãe de Jesus, é a única mulher citada pelo nome em todo o Alcorão

Como podemos ver nestes versículos do Alcorão, Jesus é considerado um importante profeta, para o qual foram revelados os Evangelhos. No entanto, devemos ressaltar que estes evangelhos citados no Alcorão não são os mesmo que hoje encontramos no Novo Testamento da Bíblia: os escritos originais da época de Jesus desapareceram ou foram alterados pelos interesses particulares, de forma que, para os muçulmanos, apenas alguns fragmentos verdadeiros ainda podem ser encontrados nos evangelhos atuais. Para os muçulmanos, nenhum dos profetas é mais importante do que outros: tanto Jesus, Moisés ou mesmo Maomé, são tão importantes quanto Abraão, David, Isaac ou mesmo Adão.
Outra diferença significativa se refere à morte de Jesus: enquanto os cristãos acreditam que ele foi crucificado e teria ressuscitado após três dias, os muçulmanos não acreditam que ele foi crucificado, ou mesmo morto:
“E por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o mensageiro de Allah, embora não tendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, mas o confundiram com outro. E aqueles que discordam quanto a isso estão na dúvida, porque não possuem conhecimento algum, mas apenas conjecturas para seguir; porém, certamente, não o mataram. Mas Allah o fez ascender até Ele, porque é Poderoso, Prudentíssimo” (Alcorão, capítulo 4, versículos de 157 a 158).
Este vídeo, a partir de 19:25 começa a falar sobre a visão islâmica de Jesus. Este filme é "A Mensagem" e está disponível completo no Youtube em português, dividido em partes

Portanto, para os muçulmanos, no momento de sua prisão, Deus confundiu os soldados fazendo-os crer que prendiam Jesus quando na realidade era Judas o preso. Enquanto Judas era crucificado no lugar de Jesus, este era levado para os céus por Deus, de onde retornará no final dos tempos para separar os bons seres humanos dos maus e, então, finalmente, morrerá como todos os demais e o fim dos tempos terá início.

A crença dos muçulmanos em Jesus Cristo é uma surpresa para muitas pessoas não familiarizadas com o Islamismo: Jesus é considerado um profeta, nascido de forma miraculosa e através do qual muitos milagres foram realizados. Os muçulmanos, no entanto, não aceitam adorá-lo como um deus, mesmo que filho, nem ao menos considerá-lo como filho de Deus no sentido literal. Maria, sua mãe, também recebe um tratamento especial e é considerada uma das maiores mulheres já criadas por Deus. Jesus foi o penúltimo profeta enviado por Deus aos humanos: o último foi Maomé. Tanto um quanto o outro estão inseridos na longa tradição de profetas enviados por Deus, que teve início com Adão, passou por Abraão, Isaac, Moisés, David, o próprio Jesus, e se encerrou com Maomé. Portanto, todo muçulmano que crê que Maomé foi profeta de Deus acredita, obrigatoriamente, que Jesus Cristo é um profeta de Allah.

13 comentários:

  1. Acredito que Maomé tenha sido inspirado e quando ele falou que Deus nunca gerou nem foi gerado se refere, que Deus não tem principio nem fim,(porque os Deuses pagãos tinham filhos e eram criados) porém o Evangelho de Jesus Cristo é filho de Deus pois ele já havia sido Criado antes de toda humanidade, João 1:1, e foi feito da mesma substancia que Deus (Matéria Espiritual) assim como os Anjos porém Jesus não é o Próprio Deus, como alega autoridades Eclesiástica Cristã, afastando assim da fé Cristã,Judaica e Islâmica, creio eu que Jesus seja o Filho pois Deus o fez da mesma substancia (não entenda que eu digo que ele fez outro Deus olha la entenda minhas palavras) Por isso ele é Filho, assim como os Anjos vieram e comeram com Abraão Genesis 18:5, Acredito que você pode Crer muito bem em tudo que Isa al Masih Ensinou bem como ele sendo o caminho a verdade e a vida e também Crê no Alcorão sem adulterar, mas Crê Isa al Masih é necessário também crê que ele já existia como a primeira criatura de Deus e que encarnou como o Homem perfeito, e também crê que Maomé foi enviado para os descendentes de Ismael, para que eles renunciassem ao paganismo sendo assim o último profeta de Deus para um Povo fora da Aliança de Isa al Masih,e Moshes. se alguma coisa é contra a tua fé é só responder.

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  2. Anderson. Quando Allah diz no Alcorão que jamais gerou ou foi gerado quis se referir a dois fatos distintos: em primeiro lugar, que Allah não gera nenhum filho, pois gerar filhos é algo inerente a seres criados, a animais, que não faz parte da natureza de Allah; em segundo lugar, diz que não foi gerado por ninguém, ou seja, ninguém O criou...é algo claro

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  3. olá ,eu sou Cristão ,e gostei de saber sobre tudo que você explicou!!!

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  4. olá ,eu sou Cristão ,e gostei de saber sobre tudo que você explicou!!!

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    1. Obrigado pela visita. Qualquer pergunta ou opinião, é só mandar....

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  5. Interessante. Queria apenas mais um ponto de vista sobre o que eu já imaginava e a dissertação foi incrível, parabéns ao escritor. Todavia, deixo um simples pensamento, que infelizmente tratado pelo autor, ele disse ser ilógico/irracional, quando na verdade aprendeu tais coisas e as aceitou sem distinção (algo, que na verdade apresentado de forma científica, ele considera lógico):
    - A água, sendo água, formada de átomos de hidrogênio e oxigênio, mesmo multiforme, não o deixa de sê-la. Sabe-se que ela possui três estados: líquido, gasoso e sólido. Mesmo apresentada sobre estas três formas, a essência permanece a mesma, e isso não é de modo algum ilógico ou irracional.
    - Sol, calor e luz são três coisas distintas, mas todas podem encontrar-se em plena harmonia, possuindo um mesmo princípio e em simples união. O sol é o sol; o calor que ele produz não é ele, mas dele; a luz emana do sol, mas não o é da mesma forma.

    Assim, ainda que existam três apresentações de uma mesma essência, não necessariamente torna-se politeísmo algo que é claramente racional.

    Mas é óbvio que haverão argumentos para contrariar o que até agora era "ilógico" e "inconteste"; a pergunta é: haverão argumentos "lógicos" para contrariar a lógica e a exatidão? A questão aqui nem é mais argumentativa, mas racional e matemática.

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    1. Olá. As considerações apresentadas são válidas. A alegoria do fogo é realmente importante para pensarmos esta questão: um graveto retirado de uma fogueira, que continua a queimar, traz em si o mesmo fogo da fogueira ou é um fogo distinto? A origem é a mesma, mas isso o faz igual ao fogo da origem ou se trata de um fogo diverso?
      Com relação ao estado de Jesus em relação a Deus, ainda que a água possa se apresentar em três estados e ainda sim é água, ela não pode ser ao mesmo tempo as três. Portanto, se eu tiver água líquida em um recipiente, um cubo de gelo e um balão com vapor d'água, não são a mesma coisa simultaneamente. Ou seja, Deus não pode ser mais que um ao mesmo tempo, ainda que considere que cada um de nós traz em si a centelha divina, como um graveto no qual arde um fogo vindo de uma fogueira. Só que a fogueira é a fogueira e o graveto ardente é o graveto ardente.

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    2. David Barbosa Miranda, perdoe que lhe diga...

      Você está incorrendo numa falácia de ocultação.

      Água do mar, água do rio, ou água duma garrafa ou dum copo, é rigorosamente a mesma água, esteja em que estado estiver...

      A única diferença, está na quantidade; no oceano apenas tem mais água.

      Se usar a mesma analogia com o Sol que emite luz ou fotões, e "deus" que emite "deuses", embora estes sejam um pouco menores, a substância solar ou "divina", é a mesma; assim como um graveto ardente tirado duma fogueira é o mesmo fogo; só que na fogueira, tem mais gravetos.

      Um homem, é uma pequena porção da Humanidade, mas apesar da sua pequenez, não é menos humano, que a totalidade de todos os homens...

      Amigavelmente - artur

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  6. Muito obrigada por esse texto, sou cristã, mas gostaria de saber mais sobre a sua religião, me foi muito útil. :D

    Isadorah.

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    1. Sempre acreditei que existe um unico Deus jeova traduzido do tetragama eo espirito santo n é uma pessoa mais um poder do criador ou forca ativa e jesus foi uma ferramenta importante do criador..

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