segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Al 'Alac - O Coágulo

Capítulos curtos do Alcorão - 96º Capítulo - Al 'Alac

Tradução e explicações do Prof. Samir El Hayek:

Os cinco primeiros versículos deste capítulo, que em português chama-se "O Coágulo", foram os primeiros versículos a serem revelados ao profeta Mohammad, por volta do ano 610 d.C. Com esta revelação teve início o Islamismo e Mohammad tornou-se, doravante, o profeta do Islamismo. Notem que a primeira ordem de Deus ao profeta e, por conseguinte, a todos os muçulmanos foi Ikra, ou seja, Leia, o que denota que não há "lavagem cerebral" no Islamismo ou imposição, uma vez que é ordenado aos muçulmanos que busquem o conhecimento e a cultura.
1- Lê, em nome do teu Senhor que criou;
2- Criou o homem de algo que se agarra (coágulo).
3- Lê, que o teu Senhor é o mais Generoso,
4- Que ensinou através da pena,
5- Ensinou ao homem o que este não sabia.
6- Em verdade, o homem transgride,
7- Quando se vê rico.
8- Sabe (ó Mensageiro) que o retorno de tudo será para o teu Senhor.
9- Viste aquele que impede
10- O servo de Deus de orar?
11- Viste se ele está na orientação?
12- Ou recomenda a piedade?
13- Viste se ele nega a verdade e a desdenha?
14- Ignora ele, acaso, que Deus o observa?
15- Em verdade, se não se contiver, agarrá-lo-emos pelo topete,
16- Topete de mentiras e pecados.
17- Que chamem, então os seus conselheiros;
18- Chamaremos os guardiães do Inferno!
19- Não! Não o obedeça; porém, prostra-te e aproxima-te de Deus!

Explicações do Prof. Samir El Hayek:
Ikra pode significar "lê", ou "recita", ou "proclama em voz alta" (o arrebatamento compreendido com a Mensagem de Deus). Só para se ter uma ideia das circunstâncias em que se deu esta primeira revelação da incumbência divina de ele pregar e proclamar a Mensagem de Deus, saiba-se que esta chegou ao profeta na caverna de Hira. Ele não era versado nas letras terrenas, mas a sua mente e a sua alma estavam plenas de conhecimentos espirituais, e era chegada a hora de ele comparecer perante o mundo, e declarar a sua missão.

A declaração ou proclamação deveria ser feita em nome de Deus, o Criador. Não deveria resultar em qualquer benefício para o profeta; para ele, aquilo acarretaria acirradas perseguições, agruras e sofrimentos. A proclamação constituía o chamamento, da parte de Deus para o benefício da humanidade errante. Deus é mencionado, pelo atributo "teu Senhor", para estabelecer uma relação direta entre a fonte da Mensagem e o seu proclamador. A Mensagem não foi meramente uma abstrata proposição filosófica, mas uma mensagem concreta e direta, de um Deus pessoal, ás criaturas, que Ele ama e por quem Ele vela.

A origem animal, pouco lisonjeira, do homem é contrastada com o seu destino altipotente, concedido a ele em sua natureza intelectual, moral e espiritual, por seu Liberalíssimo Criador. nenhum conhecimento é vedado ao homem; pelo contrário, através das faculdades, gratuitamente concedidas a ele, o ser humano adquire-o em quantidades tais, que ultrapassam a sua compreensão imediata, levando-o a diligenciar por significados cada vez mais imediatos.

Os símbolos de uma revelação permanente são a pena mística e o Registro místico. As palavras que traduzem "ensino" e "conhecimento" possuem a mesma raiz. Numa tradução, é impossível produzir-se uma completa harmonia orquestral para as palavras ler, ensinar e pena (que implicam em leitura, escrita, livro, estudo, pesquisa); "conhecimento" (que inclui ciência, conscientização de si mesmo, compreensão espiritual); e "proclamar" (um significado alternativo da palavra "ler").

As palavras do nono versículo poderão ser geralmente aplicadas à humanidade perversa, que não somente procura rebelar-se contra as Leis de Deus, mas ainda procura impedir os outros de as seguirem. Poderá, todavia, haver uma referência, aqui, a Abu Jahl, um contumaz inimigo do Islamismo, que no começo costumava insultar e perseguir o profeta e aqueles qeu seguiam os seus ensinamentos. Com efeito, ele costumava usar de métodos vergonhosos, para evitar que o profeta fosse à Caaba praticar as suas devoções, e proibir qualquer um que fosse oferecer as suas orações, sob a influência do profeta. Abu Jahl era arrogante e orgulhoso da sua riqueza; mas ele encontrou o seu fim, na Batalha de Badr.

Os coraixitas pagãos, que formavam uma opressiva junta ou conselho para dirigir a Caaba, tinham afinidades com Abu Jahl, embora não chegassem aos desabridos extremos a que chegava este último. Porém, não foram capazes, todos combinados, de reter a marcha progressiva da missão divina, embora fizesse tudo para contê-la.

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