sábado, 3 de agosto de 2013

Islamismo - 3ª Aula

Biografia do Profeta Mohammad (Maomé)

A vida do fundador do Islamismo:

A vida de Maomé:
Toda religião tem uma pessoa que se destaca como seu fundador ou principal legislador: foi assim com o Judaísmo, que tem na pessoa de Moisés o seu principal expoente e também com o Cristianismo, que encontra em Jesus Cristo o seu principal exemplo de conduta. Mesmo outras religiões, de outras tradições, possuem uma pessoa que se destaca como principal guia ou profeta: o Budismo tem em Buda seu fundador, assim como o Zoroastrismo tem no profeta Zoroastro o seu principal expoente.
Com o Islamismo não foi diferente. Embora os muçulmanos considerem que sua religião é a mesma de Moisés e de Jesus, bem como de todos os profetas que vieram antes deles, podemos identificar em Maomé o fundador do que viria a se chamar Islamismo. Maomé é o nome aportuguesado de Mohammad, que nasceu na cidade de Meca, atual Arábia Saudita, no ano de 570 d.C. Nascido na importante tribo chamada coraixita, Maomé ficou órfão de pai e mãe ainda na infância. Criado pelo tio, ingressou na profissão de comerciante e líder de caravanas: em uma região desértica, onde a prática da agricultura e da criação de animais era praticamente impossível, esta era a profissão mais comum para um homem de Meca.
Durante toda sua vida Maomé foi uma pessoa muito preocupada com os assuntos religiosos, pois considerava que a religião era fundamental para que os homens tivessem uma vida mais virtuosa. Após se casar com uma rica comerciante, chamada Hadija, Maomé obteve a tranqüilidade financeira que lhe possibilitou dedicar-se às questões espirituais e praticar, todos os anos, o jejum ritual do mês de Ramadã. Por volta do ano de 610 d.C., quando tinha quarenta anos de idade, Maomé passou por uma experiência religiosa que iria mudar a sua vida: ao se retirar para o Monte Hira, nos arredores de Meca, para meditar e jejuar, Maomé recebeu a visita do arcanjo Gabriel, que lhe recitou os primeiros versículos do que viria a ser o Alcorão. Pelos próximos vinte e três anos Maomé recebeu revelações do Alcorão e formou uma comunidade de fiéis que o seguiram na crença do Islamismo.
Nos seus primeiros anos, Maomé foi intensamente perseguido pelos líderes da cidade de Meca, que não permitiam que uma nova religião prejudicasse os seus negócios locais. Meca era uma cidade religiosa e comercial muito importante da Arábia: todos os anos, em um mês considerado sagrado, peregrinos de todos os cantos da Península Arábica vinham para Meca visitar a Caaba e fazer oferendas aos deuses colocados no seu interior: a religião da Arábia antes do Islamismo era politeísta, ou seja, adorava vários deuses. Durante este período, os mercadores de Meca aproveitavam o grande número de peregrinos para vender suas mercadorias, o que transformou Meca em uma das cidades mais ricas de toda Arábia.
Portanto, com a pregação do Islamismo, que é uma religião monoteísta e que condenava os vários deuses da Caaba, os líderes de Meca temiam que os peregrinos fugissem de Meca e com isso o comércio entrasse em declínio. Diante desta situação, Maomé e os primeiros muçulmanos foram perseguidos e maltratados por vários anos, até que resolveram fugir da cidade para escaparem das perseguições dos coraixitas. Foi então que a cidade de Yathrib, localizada ao norte de Meca, resolveu dar guarida aos muçulmanos e receberam-nos juntamente com Maomé, a quem elegeram líder da cidade. Posteriormente a cidade de Yathrib mudou seu nome para Medina, que em árabe significa “Cidade do Profeta”. A cidade de Medina é a segunda cidade mais importante e mais sagrada do Islamismo, pois foi lá que se formou a primeira comunidade muçulmana e lá Maomé morreu e está enterrado e a primeira mesquita do Islamismo foi construída. As cidades sagradas do Islamismo são: 1. Meca; 2. Medina; 3. Jerusalém;
Ao todo foram vinte e três anos como Profeta do Islamismo, durante os quais Maomé não só foi o profeta, mas também o líder militar de toda a comunidade islâmica. Os coraixitas de Meca não aceitaram a fuga dos muçulmanos e declararam guerra contra Medina. Ao todo foram duas grandes batalhas entre os muçulmanos e os coraixitas que resultaram na vitória de Maomé e levaram os coraixitas a um tratado de paz. Portanto, dez anos depois de fugir de Meca para escapar das perseguições, Maomé retornou como um herói e toda Arábia se tornou muçulmana. Três anos depois Maomé morreu em Meca como o líder supremo de toda a Arábia e o Islamismo dominou não apenas a Península Arábica mas, poucos anos depois, conquistou o norte da África, o Oriente Médio e parte da Europa.
Meca é a cidade mais sagrada do Islamismo, local onde nasceu Mohammad e o Alcorão começou a ser revelado

Os Seis Artigos da Fé:
Além dos cinco Pilares da Religião, que todos os muçulmanos devem cumprir, a fé islâmica exige a observância de seis artigos de fé, que são fundamentos que todos os muçulmanos devem acreditar com toda a sua fé e praticar seus preceitos no dia a dia. São eles:
1-      Acreditar em Deus;
2-      Acreditar nos Seus Anjos;
3-      Acreditar nos Seus Livros;
4-      Acreditar nos Seus Profetas e Mensageiros;
5-      Acreditar no Dia do Juízo Final;
6-      Acreditar na Predestinação;

Estes são princípios que os muçulmanos devem acreditar, sem qualquer sombra de dúvida, de modo a que possam ser consideradas muçulmanas. Expliquemos cada um destes artigos:
1-      Acreditar em Deus: o Islamismo enfatiza o fato de que Deus é o Único, sem igual, o Envolvente de tudo o que existe, sendo unido de todas as maneiras. Somente Deus, o mais Benevolente dos Benevolentes, tem o direito de ser adorado. Sendo assim, o Islamismo proíbe a adoração de qualquer pessoa ou coisa que não seja Deus: proíbe o culto de imagens e a adoção de santos. Também não aceita que qualquer outra pessoa seja colocada ao lado de Deus: dessa forma, a doutrina da Trindade do Cristianismo foi definitivamente descartada e Jesus é considerado apenas como um Profeta, e não como filho de Deus ou Deus filho. O Islamismo é, em todos os sentidos, estritamente Monoteísta.
2-      Acreditar nos Seus Anjos: os anjos são criações de Deus. Ele os criou a partir da luz. Os anjos são poderosos, agindo sempre em conformidade com o que é ordenado por Deus. No Alcorão estão revelados os nomes e os deveres de alguns dos anjos, como por exemplo, o de Gabriel que é o responsável por transmitir aos profetas as revelações de Deus. Além disso, existem dois anjos que sempre acompanham os seres humanos, um anotando as boas ações e outro as transgressões de cada pessoa. Ao contrário do ser humano, que tem o livre arbítrio e pode, de acordo com sua vontade, obedecer ou transgredir as ordens de Deus, os anjos não possuem o livre arbítrio e só podem obedecer as ordens de Deus sem questionamento. Portanto, os anjos são apenas cumpridores das sentenças de Deus.
3-      Acreditar nos Seus Livros: o Alcorão é o livro sagrado dos muçulmanos; no entanto, não se trata do único livro revelado por Deus à humanidade. Ao longo da história, diversos livros foram enviados por Deus para orientar os humanos no caminho correto. O Alcorão foi apenas o último e mais completo, mas não o único. Um muçulmano deve acreditar em todas as escrituras mencionadas por Deus no Alcorão, pois todas consistem na verdadeira palavra de Deus; mas há um porém: de todas as escrituras, para os muçulmanos, apenas o Alcorão se manteve inalterado desde o momento de sua revelação até o presente. As outras foram alteradas por conveniências dos homens, tendo trechos retirados e outros inseridos para combinar as escrituras com os interesses de momento. As escrituras mencionadas por Deus no Alcorão são as seguintes:

a-) Pergaminhos originais, que foram revelados a Abraão;
b-) A Torá, que foi revelada a Moisés;
c-) Os Salmos originais, revelados ao profeta David;
d-) O Evangelho, revelado a Jesus;
e-) O Alcorão, última das revelações feitas por Deus, a Maomé, considerada a única ainda não alterada pelos interesses dos humanos e do poder;
Medina, segunda cidade sagrada do Islamismo, para onde Mohammad e os muçulmanos fugiram das perseguições em Meca e fundaram a primeira mesquita do Islamismo. Em Medina está sepultado Mohammad


4-      Acreditar nos Seus Profetas e Mensageiros: os profetas e mensageiros foram indivíduos que receberam revelações de Deus e as transmitiram aos povos. Estes profetas e mensageiros foram enviados para conduzirem a humanidade de volta ao monoteísmo, para servirem de exemplos vivos de como se submeter a Deus e para orientarem os povos em direção ao caminho da salvação. Nenhum dos profetas ou mensageiros partilhou, fosse de que forma fosse, da divindade de Deus. Eles eram, unicamente, seres humanos. É proibido aos muçulmanos adorarem-nos ou usarem-nos como intermediários com Deus. Um muçulmano não deve, em momento algum, invocá-los, fazer-lhes súplicas ou procurar a misericórdia e o perdão de Deus através deles. Cada um dos profetas e mensageiros explicou que, todos estes atos são formas de politeísmo; e quem quer que se envolva em tais práticas, segundo o Islamismo, não pode ser considerado muçulmano. Ao longo do tempo e a todos os lugares do mundo, Deus enviou profetas junto dos povos. Alguns deles foram referidos por Deus no Alcorão. Entre os nomes citados estão os de Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Maomé. No Alcorão, a fé e as crenças de todos os profetas e mensageiros foi explicada da seguinte forma para Maomé:

“Prescreveu-vos a mesma religião que havia instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual havíamos recomendado a Abraão, a Moisés e a Jesus, (dizendo-lhes): Observai a religião e não sejais divididos por ela; na verdade, os idólatras se ressentiram daquilo a que os convocaste. Deus elege quem Lhe apraz e encaminha para aquele que se volta para Ele” (Alcorão, capítulo 42, versículo 13).

“Dizei: Cremos em Allah, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles e a Ele nos submetemos” (Alcorão, capítulo 2, versículo 136).

Portanto, para os muçulmanos, todos os profetas, desde Adão até Maomé, são iguais e não é permitido que se adore nenhum deles ou os coloque em pé de igualdade para com Deus. Entre eles está Jesus, que os cristãos acreditam ser deus filho, mas os muçulmanos não aceitam tal adoração, embora acreditem em Jesus como um dos profetas de Deus.
5-      Acreditar no Dia do Juízo Final: os muçulmanos devem acreditar, sem qualquer tipo de dúvida, no Dia do Juízo Final e na ressurreição física, quando o corpo ressuscitar e a alma se lhe reunir, por intermédio do poder infinito de Deus. No Dia do Juízo Final, segundo a crença muçulmana, todos comparecerão perante Deus e todas as suas obras, durante toda a sua vida, lhe serão apresentadas e ele será julgado de acordo com o que tiver feito: caso tenha mais ações boas do que más, poderá ir para o Paraíso e desfrutará da companhia de Deus e das pessoas de bem; por outro lado, se tiver mais ações más do que boas, será lançado no inferno onde permanecerá eternamente como castigo pelo que fez durante a sua vida. O Alcorão explica da seguinte forma o Dia do Juízo Final:

“Quando a terra executar o seu tremor predestinado, e descarregar os seus fardos, o homem dirá: Que ocorre com ela? Nesse dia, ela declarará suas notícias, porque o teu Senhor lhas terá revelado. Nesse dia, os homens comparecerão, em massa, para que lhes sejam mostradas as suas obras. Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á. E quem tiver feito o mal, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á” (Alcorão, capítulo 99, versículos de 1 a 8).

Existem ainda alguns mal entendidos com relação à crença dos muçulmanos na vida após a morte. Muitas pessoas acreditam que os mártires, ou seja, aqueles que morrem pela religião, fazem isso para desfrutar das virgens do Paraíso. Esta interpretação se deve a um erro básico: o Alcorão está cheio de frases que são alegóricas, ou seja, que não devem ser levadas ao pé da letra, pois na verdade fazem referência a outras coisas. Por exemplo: o Alcorão apresenta alegorias como a das virgens do Paraíso e também dos “jardins sob os quais correm os rios”. Não se devem interpretar tais coisas ao pé da letra: os muçulmanos não terão estas coisas exatamente, mas sim uma sensação tão boa quanto a de “virgens” ou de “jardins sob os quais correm os rios”. São alegorias e não fatos reais. Além disso, devemos ter em mente que os muçulmanos não acreditam em reencarnação: cada alma é única de um corpo e depois da morte receberão sua recompensa de acordo com seus atos, jamais reencarnando em outros corpos. Dessa forma, cada pessoa é única com sua alma e tudo o que fizer em vida, baseado em seu livre arbítrio, terá de prestar contas a Deus após sua morte no Dia do Juízo Final.
Jerusalém, onde se localiza a mesquita de Omar (Domo da Rocha), é a terceira cidade sagrada do Islamismo. Neste local, em seu interior, Mohammad ascendeu aos céus para encontrar-se com Allah, acontecimento que está relatado no Alcorão


6-      Acreditar na Predestinação: a palavra predestinação significa que tudo o que nos acontece ou nos acontecerá faz parte de um destino prefixado por Deus, para cada ser humano, ou seja, nada que aconteça a qualquer pessoa não estava no conhecimento de Allah. Assim sendo, todos os muçulmanos acreditam que têm um destino estabelecido por Deus, que tudo sabe e tudo entende: Deus tudo sabe, tudo observa e possui um total conhecimento. Isto é semelhante à crença calvinista da predestinação da alma. Uma pessoa, segundo o Islamismo, não vive sozinha, alheia ao que acontece ao seu redor ou isolada das companhias do dia a dia. Portanto, cada acontecimento irá influenciar na sua vida e nas outras pessoas que vivem em sua função e assim por diante, sendo que a humanidade forma uma cadeia de relações que levam a conseqüências que, apesar de parecerem aleatórias, são do total conhecimento de Deus. Alguns estudiosos dão a isto o nome de Efeito Borboleta, ou seja, acontecimentos que a princípio parecem sem importância ou restritos a um só lugar ou pessoa, acabam influenciando pessoas e lugares que, a princípio, nada tinham a ver com o acontecido. Para o Islamismo, portanto, Deus tem um plano e todos os seres humanos devem acreditar que cumprem um projeto preestabelecido por Deus.

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