Biografia do Profeta Mohammad (Maomé)
A vida do fundador do Islamismo:
A
vida de Maomé:
Toda
religião tem uma pessoa que se destaca como seu fundador ou principal legislador:
foi assim com o Judaísmo, que tem na pessoa de Moisés o seu principal expoente
e também com o Cristianismo, que encontra em Jesus Cristo o seu principal
exemplo de conduta. Mesmo outras religiões, de outras tradições, possuem uma
pessoa que se destaca como principal guia ou profeta: o Budismo tem em Buda seu
fundador, assim como o Zoroastrismo tem no profeta Zoroastro o seu principal
expoente.
Com
o Islamismo não foi diferente. Embora os muçulmanos considerem que sua religião
é a mesma de Moisés e de Jesus, bem como de todos os profetas que vieram antes
deles, podemos identificar em Maomé o fundador do que viria a se chamar
Islamismo. Maomé é o nome aportuguesado de Mohammad, que nasceu na cidade de
Meca, atual Arábia Saudita, no ano de 570 d.C. Nascido na importante tribo
chamada coraixita, Maomé ficou órfão
de pai e mãe ainda na infância. Criado pelo tio, ingressou na profissão de
comerciante e líder de caravanas: em uma região desértica, onde a prática da
agricultura e da criação de animais era praticamente impossível, esta era a
profissão mais comum para um homem de Meca.
Durante
toda sua vida Maomé foi uma pessoa muito preocupada com os assuntos religiosos,
pois considerava que a religião era fundamental para que os homens tivessem uma
vida mais virtuosa. Após se casar com uma rica comerciante, chamada Hadija,
Maomé obteve a tranqüilidade financeira que lhe possibilitou dedicar-se às
questões espirituais e praticar, todos os anos, o jejum ritual do mês de
Ramadã. Por volta do ano de 610 d.C., quando tinha quarenta anos de idade,
Maomé passou por uma experiência religiosa que iria mudar a sua vida: ao se
retirar para o Monte Hira, nos arredores de Meca, para meditar e jejuar, Maomé
recebeu a visita do arcanjo Gabriel, que lhe recitou os primeiros versículos do
que viria a ser o Alcorão. Pelos próximos vinte e três anos Maomé recebeu
revelações do Alcorão e formou uma comunidade de fiéis que o seguiram na crença
do Islamismo.
Nos
seus primeiros anos, Maomé foi intensamente perseguido pelos líderes da cidade
de Meca, que não permitiam que uma nova religião prejudicasse os seus negócios
locais. Meca era uma cidade religiosa e comercial muito importante da Arábia:
todos os anos, em um mês considerado sagrado, peregrinos de todos os cantos da
Península Arábica vinham para Meca visitar a Caaba e fazer oferendas aos deuses
colocados no seu interior: a religião da Arábia antes do Islamismo era
politeísta, ou seja, adorava vários deuses. Durante este período, os mercadores
de Meca aproveitavam o grande número de peregrinos para vender suas
mercadorias, o que transformou Meca em uma das cidades mais ricas de toda
Arábia.
Portanto,
com a pregação do Islamismo, que é uma religião monoteísta e que condenava os
vários deuses da Caaba, os líderes de Meca temiam que os peregrinos fugissem de
Meca e com isso o comércio entrasse em declínio. Diante desta situação, Maomé e
os primeiros muçulmanos foram perseguidos e maltratados por vários anos, até
que resolveram fugir da cidade para escaparem das perseguições dos coraixitas.
Foi então que a cidade de Yathrib, localizada ao norte de Meca, resolveu dar
guarida aos muçulmanos e receberam-nos juntamente com Maomé, a quem elegeram
líder da cidade. Posteriormente a cidade de Yathrib mudou seu nome para Medina,
que em árabe significa “Cidade do Profeta”. A cidade de Medina é a segunda
cidade mais importante e mais sagrada do Islamismo, pois foi lá que se formou a
primeira comunidade muçulmana e lá Maomé morreu e está enterrado e a primeira
mesquita do Islamismo foi construída. As cidades sagradas do Islamismo são: 1. Meca; 2. Medina; 3. Jerusalém;
Ao
todo foram vinte e três anos como Profeta do Islamismo, durante os quais Maomé
não só foi o profeta, mas também o líder militar de toda a comunidade islâmica.
Os coraixitas de Meca não aceitaram a fuga dos muçulmanos e declararam guerra
contra Medina. Ao todo foram duas grandes batalhas entre os muçulmanos e os
coraixitas que resultaram na vitória de Maomé e levaram os coraixitas a um
tratado de paz. Portanto, dez anos depois de fugir de Meca para escapar das
perseguições, Maomé retornou como um herói e toda Arábia se tornou muçulmana.
Três anos depois Maomé morreu em Meca como o líder supremo de toda a Arábia e o
Islamismo dominou não apenas a Península Arábica mas, poucos anos depois,
conquistou o norte da África, o Oriente Médio e parte da Europa.
Meca é a cidade mais sagrada do Islamismo, local onde nasceu Mohammad e o Alcorão começou a ser revelado
Os
Seis Artigos da Fé:
Além
dos cinco Pilares da Religião, que todos os muçulmanos devem cumprir, a fé
islâmica exige a observância de seis artigos de fé, que são fundamentos que
todos os muçulmanos devem acreditar com toda a sua fé e praticar seus preceitos
no dia a dia. São eles:
1- Acreditar em Deus;
2- Acreditar nos Seus Anjos;
3- Acreditar nos Seus Livros;
4- Acreditar nos Seus Profetas e
Mensageiros;
5- Acreditar no Dia do Juízo Final;
6- Acreditar na Predestinação;
Estes
são princípios que os muçulmanos devem acreditar, sem qualquer sombra de
dúvida, de modo a que possam ser consideradas muçulmanas. Expliquemos cada um
destes artigos:
1- Acreditar em Deus: o
Islamismo enfatiza o fato de que Deus é o Único, sem igual, o Envolvente de
tudo o que existe, sendo unido de todas as maneiras. Somente Deus, o mais
Benevolente dos Benevolentes, tem o direito de ser adorado. Sendo assim, o Islamismo
proíbe a adoração de qualquer pessoa ou coisa que não seja Deus: proíbe o culto
de imagens e a adoção de santos. Também não aceita que qualquer outra pessoa
seja colocada ao lado de Deus: dessa forma, a doutrina da Trindade do
Cristianismo foi definitivamente descartada e Jesus é considerado apenas como
um Profeta, e não como filho de Deus ou Deus filho. O Islamismo é, em todos os
sentidos, estritamente Monoteísta.
2- Acreditar nos Seus Anjos:
os anjos são criações de Deus. Ele os criou a partir da luz. Os anjos são
poderosos, agindo sempre em conformidade com o que é ordenado por Deus. No
Alcorão estão revelados os nomes e os deveres de alguns dos anjos, como por
exemplo, o de Gabriel que é o responsável por transmitir aos profetas as
revelações de Deus. Além disso, existem dois anjos que sempre acompanham os
seres humanos, um anotando as boas ações e outro as transgressões de cada
pessoa. Ao contrário do ser humano, que tem o livre arbítrio e pode, de acordo
com sua vontade, obedecer ou transgredir as ordens de Deus, os anjos não
possuem o livre arbítrio e só podem obedecer as ordens de Deus sem
questionamento. Portanto, os anjos são apenas cumpridores das sentenças de
Deus.
3- Acreditar nos Seus Livros:
o Alcorão é o livro sagrado dos muçulmanos; no entanto, não se trata do único
livro revelado por Deus à humanidade. Ao longo da história, diversos livros
foram enviados por Deus para orientar os humanos no caminho correto. O Alcorão
foi apenas o último e mais completo, mas não o único. Um muçulmano deve acreditar
em todas as escrituras mencionadas por Deus no Alcorão, pois todas consistem na
verdadeira palavra de Deus; mas há um porém: de todas as escrituras, para os
muçulmanos, apenas o Alcorão se manteve inalterado desde o momento de sua
revelação até o presente. As outras foram alteradas por conveniências dos
homens, tendo trechos retirados e outros inseridos para combinar as escrituras
com os interesses de momento. As escrituras mencionadas por Deus no Alcorão são
as seguintes:
a-)
Pergaminhos originais, que foram revelados a Abraão;
b-)
A Torá, que foi revelada a Moisés;
c-)
Os Salmos originais, revelados ao profeta David;
d-)
O Evangelho, revelado a Jesus;
e-)
O Alcorão, última das revelações feitas por Deus, a Maomé, considerada a única
ainda não alterada pelos interesses dos humanos e do poder;
Medina, segunda cidade sagrada do Islamismo, para onde Mohammad e os muçulmanos fugiram das perseguições em Meca e fundaram a primeira mesquita do Islamismo. Em Medina está sepultado Mohammad
4- Acreditar nos Seus Profetas e
Mensageiros: os profetas e mensageiros foram
indivíduos que receberam revelações de Deus e as transmitiram aos povos. Estes
profetas e mensageiros foram enviados para conduzirem a humanidade de volta ao
monoteísmo, para servirem de exemplos vivos de como se submeter a Deus e para
orientarem os povos em direção ao caminho da salvação. Nenhum dos profetas ou
mensageiros partilhou, fosse de que forma fosse, da divindade de Deus. Eles
eram, unicamente, seres humanos. É proibido aos muçulmanos adorarem-nos ou
usarem-nos como intermediários com Deus. Um muçulmano não deve, em momento
algum, invocá-los, fazer-lhes súplicas ou procurar a misericórdia e o perdão de
Deus através deles. Cada um dos profetas e mensageiros explicou que, todos
estes atos são formas de politeísmo; e quem quer que se envolva em tais
práticas, segundo o Islamismo, não pode ser considerado muçulmano. Ao longo do
tempo e a todos os lugares do mundo, Deus enviou profetas junto dos povos.
Alguns deles foram referidos por Deus no Alcorão. Entre os nomes citados estão
os de Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Maomé. No Alcorão, a fé e as crenças
de todos os profetas e mensageiros foi explicada da seguinte forma para Maomé:
“Prescreveu-vos a mesma religião
que havia instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual havíamos recomendado
a Abraão, a Moisés e a Jesus, (dizendo-lhes): Observai a religião e não sejais
divididos por ela; na verdade, os idólatras se ressentiram daquilo a que os
convocaste. Deus elege quem Lhe apraz e encaminha para aquele que se volta para
Ele” (Alcorão,
capítulo 42, versículo 13).
“Dizei: Cremos em Allah, no que nos
tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às
tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos profetas
por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles e a Ele nos submetemos”
(Alcorão, capítulo 2,
versículo 136).
Portanto,
para os muçulmanos, todos os profetas, desde Adão até Maomé, são iguais e não é
permitido que se adore nenhum deles ou os coloque em pé de igualdade para com
Deus. Entre eles está Jesus, que os cristãos acreditam ser deus filho, mas os
muçulmanos não aceitam tal adoração, embora acreditem em Jesus como um dos
profetas de Deus.
5- Acreditar no Dia do Juízo Final: os
muçulmanos devem acreditar, sem qualquer tipo de dúvida, no Dia do Juízo Final
e na ressurreição física, quando o corpo ressuscitar e a alma se lhe reunir,
por intermédio do poder infinito de Deus. No Dia do Juízo Final, segundo a
crença muçulmana, todos comparecerão perante Deus e todas as suas obras,
durante toda a sua vida, lhe serão apresentadas e ele será julgado de acordo
com o que tiver feito: caso tenha mais ações boas do que más, poderá ir para o
Paraíso e desfrutará da companhia de Deus e das pessoas de bem; por outro lado,
se tiver mais ações más do que boas, será lançado no inferno onde permanecerá
eternamente como castigo pelo que fez durante a sua vida. O Alcorão explica da
seguinte forma o Dia do Juízo Final:
“Quando a terra executar o seu
tremor predestinado, e descarregar os seus fardos, o homem dirá: Que ocorre com
ela? Nesse dia, ela declarará suas notícias, porque o teu Senhor lhas terá
revelado. Nesse dia, os homens comparecerão, em massa, para que lhes sejam
mostradas as suas obras. Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo,
vê-lo-á. E quem tiver feito o mal, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á” (Alcorão, capítulo 99, versículos
de 1 a 8).
Existem ainda alguns mal entendidos com
relação à crença dos muçulmanos na vida após a morte. Muitas pessoas acreditam
que os mártires, ou seja, aqueles que morrem pela religião, fazem isso para
desfrutar das virgens do Paraíso. Esta interpretação se deve a um erro básico:
o Alcorão está cheio de frases que são alegóricas, ou seja, que não devem ser
levadas ao pé da letra, pois na verdade fazem referência a outras coisas. Por
exemplo: o Alcorão apresenta alegorias como a das virgens do Paraíso e também
dos “jardins sob os quais correm os rios”.
Não se devem interpretar tais coisas ao pé da letra: os muçulmanos não terão
estas coisas exatamente, mas sim uma sensação tão boa quanto a de “virgens” ou de “jardins sob os quais correm os rios”. São alegorias e não fatos
reais. Além disso, devemos ter em mente que os muçulmanos não acreditam em
reencarnação: cada alma é única de um corpo e depois da morte receberão sua
recompensa de acordo com seus atos, jamais reencarnando em outros corpos. Dessa
forma, cada pessoa é única com sua alma e tudo o que fizer em vida, baseado em
seu livre arbítrio, terá de prestar contas a Deus após sua morte no Dia do
Juízo Final.
Jerusalém, onde se localiza a mesquita de Omar (Domo da Rocha), é a terceira cidade sagrada do Islamismo. Neste local, em seu interior, Mohammad ascendeu aos céus para encontrar-se com Allah, acontecimento que está relatado no Alcorão
6- Acreditar na Predestinação: a
palavra predestinação significa que
tudo o que nos acontece ou nos acontecerá faz parte de um destino prefixado por
Deus, para cada ser humano, ou seja, nada que aconteça a qualquer pessoa não
estava no conhecimento de Allah. Assim sendo, todos os muçulmanos acreditam que
têm um destino estabelecido por Deus, que tudo sabe e tudo entende: Deus tudo
sabe, tudo observa e possui um total conhecimento. Isto é semelhante à crença
calvinista da predestinação da alma. Uma pessoa, segundo o Islamismo, não vive
sozinha, alheia ao que acontece ao seu redor ou isolada das companhias do dia a
dia. Portanto, cada acontecimento irá influenciar na sua vida e nas outras
pessoas que vivem em sua função e assim por diante, sendo que a humanidade
forma uma cadeia de relações que levam a conseqüências que, apesar de parecerem
aleatórias, são do total conhecimento de Deus. Alguns estudiosos dão a isto o
nome de Efeito Borboleta, ou seja,
acontecimentos que a princípio parecem sem importância ou restritos a um só
lugar ou pessoa, acabam influenciando pessoas e lugares que, a princípio, nada
tinham a ver com o acontecido. Para o Islamismo, portanto, Deus tem um plano e
todos os seres humanos devem acreditar que cumprem um projeto preestabelecido por Deus.
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