O
Islamismo e o Terrorismo:
Nos
dias de hoje, na maioria das vezes que ouvimos falar do Islamismo ele está
relacionado com terrorismo, homens bomba e fanáticos religiosos pregando a
morte de infiéis. Além de ser pouco conhecido, alguns mal entendidos com
relação ao Islamismo fazem com que esta religião seja mal compreendida e vítima
de inúmeros preconceitos. Então, aconteceram os atentados de 11 de Setembro de 2001 contra os EUA:
quatro aviões foram seqüestrados por terroristas islâmicos da Al Qaeda e foram
utilizados como mísseis contra pontos estratégicos do país: dois aviões foram
lançados contra as torres do World Trade Center (símbolo econômico americano),
fazendo com que as duas torres desabassem, outro avião foi lançado contra o Pentágono
(símbolo militar americano) e o quarto avião, que se dirigia à capital
Washington, caiu na Pensilvânia após uma tentativa dos passageiros de
recuperarem o avião. Cerca de três mil pessoas morreram e automaticamente o
Islamismo foi associado à intolerância, fanatismo e terrorismo. A mídia
mundial, em sua maioria, transmitia notícias que reforçavam os preconceitos e
não contribuíam em distinguir o Islamismo do Terrorismo.
A
religião islâmica é a que mais cresce no mundo: os muçulmanos já perfazem um
total de 1,5 bilhões de pessoas. Não é certo dizermos que todos os muçulmanos
são terroristas ou fanáticos, pois senão teríamos mais de um bilhão de pessoas
prontas a se explodirem, matando milhares de inocentes. Os problemas
relacionados com o terrorismo provêm de causas políticas, como a disputa por
terras na Palestina e em outros cantos do mundo. O que aconteceu nos EUA foi um
aproveitamento por parte dos líderes da Al Qaeda de um sentimento antiamericano
entre a população dos países do Oriente Médio. O Alcorão, livro sagrado do
Islamismo, proíbe terminantemente o assassinato de pessoas inocentes e defende
que a vida é o bem mais precioso que Deus deu aos homens, proibindo também o
suicídio:
“Ó crentes, não consumais reciprocamente
os vossos bens, ilegalmente; que haja comércio de mútuo consentimento e não
cometais suicídio, porque Deus é Misericordioso para convosco” (Alcorão, capítulo 4, versículo
29).
Existe
uma expressão muito conhecida no Islamismo que é Jihad, que significa “Guerra
Santa”. Ela é muito mal compreendida pelos não muçulmanos, que tendem a ver
neste mandamento divino uma espécie de incentivo para se expandir a religião
islâmica através da violência e do terror. No entanto, isto não é verdade:
jihad não faz referência apenas à luta dos muçulmanos contra as pessoas de
outras religiões. Jihad significa mais do que apenas guerra santa: significa esforço pessoal que todo muçulmano deve
fazer para melhorar a sua vida perante Deus; por exemplo: Deus proíbe o consumo
de bebida alcoólica:
“Interrogam-te a respeito da bebida
inebriante e do jogo de azar; dize-lhes: Em ambos há benefícios e malefícios
para o homem; porém, os seus malefícios são maiores do que os seus benefícios.
Perguntam-te o que devem gastar (em caridade). Dize-lhes: Gastai o que sobrar das vossas
necessidades. Assim Deus vos elucida os Seus versículos, a fim de que mediteis”
(Alcorão, capítulo 2, versículo
219).
“Ó crentes, as bebidas inebriantes,
os jogos de azar, (a cultuação aos) altares de pedra, e as adivinhações com setas são manobras abomináveis
de Satanás. Evitai-as, pois, para que prospereis” (Alcorão, capítulo 5, versículo 90).
No
entanto, caso um muçulmano tenha propensão ao consumo de bebidas alcoólicas, ou
inebriantes, deverá empreender um esforço enorme para fazer cumprir as
exigências de Deus no Alcorão, ou seja, terá que realizar a sua própria jihad para conseguir cumprir os
mandamentos de Deus e melhorar a sua própria vida. Portanto, jihad significa
esforço pessoal de um muçulmano para melhorar sua própria vida, e não apenas guerra santa contra os infiéis, como
somos levados a crer pelas notícias que nos chegam pelas mídias.
A mídia costuma divulgar que todos os muçulmanos são terroristas. Na verdade, ela confunde problemas políticos locais com o que prega a religião islâmica
Mesmo
a guerra santa contra inimigos da fé
só é aceita em casos específicos e apenas
contra os inimigos, jamais permitindo a morte indiscriminada de inocentes,
dentre os quais inúmeras crianças e mulheres. Outra regra islâmica mal
interpretada é a Lei do Talião, que
prega a máxima “olho por olho, dente por
dente”. Temos de ter em mente que esta lei surgiu em uma época remota, onde
os meios de coerção de uma população eram precários. As penas capitais servem
para manter o povo na linha, em uma espécie de exemplo para que atos ruins não
sejam repetidos. Vejamos o que o Alcorão fala sobre ela:
“Quanto ao ladrão e à ladra,
decepai-lhes a mão, como castigo de tudo quanto tenham cometido; é um castigo
exemplar de Deus, porque Deus é Poderoso, Prudentíssimo. Aquele que, depois da
sua iniqüidade, se arrepender e se emendar, saibam que Deus os absolverá,
porque é Indulgente, Misericordioso” (Alcorão,
capítulo 5, versículos de 38 a 39).
“Ó crentes, está-vos preceituado o
talião para o homicídio: livre por livre, escravo por escravo, mulher por
mulher. Mas se o irmão do morto perdoar o assassino devereis indenizá-lo
espontânea e voluntariamente. Isso é uma mitigação e misericórdia de vosso
Senhor. Mas quem vingar-se, depois disso, sofrerá um doloroso castigo. Tendes,
no talião, a segurança da vida, ó sensatos, para vos refreeis” (Alcorão, capítulo 2, versículos de
178 a 179).
Mesmo
estabelecendo a Lei do Talião, o Alcorão impõe também penas alternativas, o
perdão e estabelece um limite para a vingança. Atualmente, na maioria dos
países, não é permitido aos cidadãos realizarem justiça com as próprias mãos,
pois isto cabe ao Estado e ao seu sistema judiciário. Devemos lembrar também
que na Bíblia dos judeus e dos cristãos existem inúmeras passagens semelhantes,
que pregam a vingança e a lei do “olho
por olho, dente por dente”. Nos dias de hoje, apenas em sociedades muito
tradicionais e afastadas dos grandes centros casos é observada a Lei do Talião.
Novamente, não podemos confundir costumes tradicionais de uma região com o que
prega a imensa maioria dos muçulmanos. O fato de o Alcorão ser levado a sério
nos dias de hoje pelos muçulmanos pode gerar grandes mal entendidos, mas o
Islamismo é uma religião que se propõe a apaziguar as relações humanas e não o
contrário. O que não podemos fazer jamais é confundir as ações de algumas
pessoas que são muçulmanas com os demais, ou seja, a partir da ação de alguns
imaginarmos que todos os demais também são terroristas.
Com
relação aos atentados de 11 de Setembro
de 2001, o principal organizador por trás dos atentados foi o milionário
saudita Osama Bin Laden, que fundou uma organização terrorista chamada Al Qaeda. O principal objetivo desta
organização era atacar alvos ocidentais, judaicos e cristãos, por todo mundo,
sobretudo Israel e os EUA. A Arábia Saudita é considerada a Terra Santa do Islamismo, pois lá estão
localizadas as duas cidades mais sagradas da religião islâmica: Meca e Medina. Os terroristas islâmicos consideraram blasfêmia o fato de
tropas americanas e inglesas se estabelecerem no solo sagrado da Arábia e
elegeram estes dois países como principais inimigos da Al Qaeda. Além disso,
historicamente os EUA tendem a apoiar politicamente o Estado de Israel, fundado
em 1948 na região da Palestina: quando a ONU decidiu que Israel seria
estabelecido na Palestina, terra onde os palestinos já estavam estabelecidos, o
que causou uma onda de violência que persiste na região até os dias de hoje; e
como os EUA, desde 1948, apóiam o estado judaico, os terroristas islâmicos escolheram
os americanos e seus cidadãos como o principal inimigo a ser atacado.
O
que os terroristas fazem, na verdade, é utilizar algumas regras do Alcorão para
atender os seus interesses, mas fazem isso parcialmente, ou seja, utilizam
apenas os versículos que os interessam, sem considerarem o contexto geral em
que estão inseridos. Então, exploram as situações calamitantes da maioria dos
países islâmicos, como a pobreza e a opressão dos regimes totalitários, para
recrutar pessoas para serem terroristas. Os líderes terroristas são
extremamente covardes ao aproveitar a pobreza e a ignorância das pessoas para
torná-los terroristas. Allah, em nenhum momento, aprova a morte indiscriminada
de inocentes, sobretudo crianças e mulheres, como se tais mortes pudessem
compensar a morte de muçulmanos, em quaisquer condições. Alguns poderão justificar
tais ataques como Lei do Talião, mas
isso também não é correto: esta lei prescreve a vingança contra os próprios
criminosos e não contra outras pessoas inocentes. Assim sendo, não há nenhuma
relação direta entre os muçulmanos e os terroristas islâmicos: milhões de
muçulmanos não podem ser considerados todos terroristas pelas ações criminosas
de alguns muçulmanos que resolveram interpretar o Alcorão de forma a justificar
seus problemas através de ações assassinas.
Conclusão:
De
todas as religiões monoteístas, que adoram o mesmo Deus, o Islamismo foi a
última a surgir, depois do Judaísmo e do Cristianismo. Surgida no ano de 610
d.C., na cidade de Meca, teve como seu profeta Maomé, um órfão comerciante
muito respeitado por toda a sua comunidade. No entanto, após as primeiras
revelações e os ataques duros que o Islamismo fez contra o politeísmo reinante,
a comunidade muçulmana foi perseguida e teve que se refugiar na cidade de
Medina. Dez anos depois, Meca foi reconquistada e o Islamismo se expandiu
rapidamente por toda Arábia, chegando ao Oriente Médio, Norte da África e a
Península Ibérica (Espanha e Portugal). O Islamismo foi a religião que mais
rapidamente se expandiu: em menos de cem anos após a morte de Maomé, a religião
islâmica já estava expandida para regiões longínquas, muito além do seu espaço
original da Arábia.
Em
geral, os muçulmanos respeitavam as religiões das regiões que conquistavam
pelas armas: uma vez que o Islamismo tem a mesma tradição do Judaísmo e do
Cristianismo, reconhecendo os mesmos profetas e com um livro sagrado (Alcorão)
com histórias comuns à Torá e ao Evangelho. Pagando uma taxa, tanto judeus como
cristãos podiam praticar sua religião com total liberdade. Além da liberdade
religiosa, a construção do Império Islâmico possibilitou o florescimento
cultural que garantiu inúmeras obras culturais que se tornaram legados da
humanidade: em uma época em que a Europa estava afundada na Idade Média, após a
queda do Império Romano, os muçulmanos, em convivência com judeus e cristãos,
mantinham os ensinamentos dos antigos gregos e romanos vivos, produzindo novos
conhecimentos e uma cultura rica. Posteriormente, quando os europeus deram
início ao Renascimento e procuraram recuperar o conhecimento da Antiguidade,
foi nas cidades islâmicas que eles buscaram as obras que durante a Idade Média
haviam deixado de lado.
Se o Deus é o mesmo, porque temos que nos matar? Não devemos confundir os problemas mundanos com as crenças religiosas de cada um
Atualmente,
a convivência entre os muçulmanos e os cristãos vive momento delicado: o choque
de culturas diversas vezes provoca preconceito, falta de conhecimento e mal
entendidos. Os muçulmanos, com uma religião rigorosa, que interfere em cada
aspecto de sua vida, por vezes se sentem desconfortáveis em um mundo que parece
ter cada vez menos espaço para Deus. E as culturas com características
diferentes têm enormes dificuldades em conviver em situação de respeito. Para
as novas gerações a tarefa é árdua: conhecer para respeitar; respeitar para
conviver. Somente através do conhecimento podemos abandonar os preconceitos,
respeitar as diferenças e conseguirmos construir um mundo mais tolerante e
capaz de aproveitar o melhor de cada ser humano para que o mundo seja um pouco
melhor, menos violento e que as pessoas sejam julgadas pela sua capacidade e
não pela sua crença ou cor da sua pele. Aceite este desafio e melhore o mundo
em que você vive.