Capítulos curtos do Alcorão - Al Cáfirun - Os Incrédulos
Tradução e explicações do Prof. Samir El Hayek:
Este curto capítulo do Alcorão, com apenas 6 versículos, versa a respeito da tolerância dos muçulmanos para com as demais religiões. Ela deixa claro que não devemos impôr nossa religião aos demais e também devemos deixar claro que nossa religião se diferencia das demais pelo que se crê. Assim como as águas do mar não se misturam às águas do rio, a crença islâmica sempre estará separada das crenças dos demais. Este capítulo reforça a tolerância e mostra que o Islamismo não é uma religião dominadora, como muito se pensa atualmente.
1- Dize: Ó incrédulos,
2- Não adoro o que adorais,
3- Nem vós adorais o que adoro.
4- Nem adorarei o que adorais.
5- nem vós adorareis o que adoro.
6- Vós tendes a vossa religião e eu tenho a minha.
Antes das explicações do Prof. Samir eu gostaria de salientar duas coisas: em primeiro lugar este capítulo diferencia claramente o que os muçulmanos adoram do que os demais adoram, afirmando que as duas coisas são distintas e "incomunicáveis"; em segundo lugar, coloca uma barreira que ao mesmo tempo é didática e tolerante ao dizer que "vós tendes a vossa religião e eu tenho a minha", como água e óleo, não se misturam, salientando ainda que você tem o direito de preferir o óleo se não quiser a água.
Explicações do Prof. Samir El Hayek:
A fé é uma questão de convicção pessoal, e não depende de motivações terrenas. A adoração pode depender da fé pura e sincera, mas nem sempre isso acontece, pois as motivações de ganho terreno - de costumes ancestrais, de convenções sociais ou de instintos imitativos, ou de instinto letárgico de repressão, face a uma inquirição ao verdadeiro significado dos atos solenes - e das intenções por detrás disso tudo, podem reduzir, em muito, a adoração no mundo, levando-nos ao pecado e às futilidades.
Os ídolos simbólicos podem eles mesmos ser meros instrumentos de se salvaguardarem os privilégios de uma ambiciosa classe sacerdotal, ou as ambições, cobiças ou concupiscências de um indivíduo em particular. Daí a insistência do Islamismo e do seu Mestre na pura adoração de um Deus Único e Verdadeiro. O profeta resistiu ferrenhamente a todas as tentações quanto à motivações terrenas, e se manteve firme à sua mensagem de eterna Unidade.
Os versículos 2 e 3 descrevem as condições, no tempo em que este capítulo foi revelado, podendo ser livremente parafraseados: "eu sou adorador do Único e Verdadeiro Deus, Senhor de todas as coisas, vosso Senhor e meu; contudo, vós, devido aos vossos interesses criados, não tendes vontade de abandonar o vosso falso culto, tanto de ídolos como de pessoas". Os versículos 4 e 5 descrevem as raízes psicológicas: "sendo eu um profeta de Deus, não posso e não devo desejar seguir os vossos meios falsos e ultrapassados; e, sendo vós useiros e vezeiros da falsa adoração, não tendes estímulo para abandonardes a vossa maneira de culto, que é errônea".
"Quanto a mim, havendo-me sido apresentada a Verdade, não me posso juntar às vossas falsas maneiras; quanto a vós, com os vossos interesses adquiridos, não as abandonareis. Quanto às vossas maneiras, a responsabilidade é vossa; eu já vos mostrei a Verdade. Quanto às minhas maneiras, a responsabilidade é minha; não tendes nenhum direito de me pedir que eu abandone a Verdade. Vossa perseguição será em vão; a Verdade há de prevalecer, no fim". Essa foi a atitude de fé, então; mas ela é verdadeira em todos os tempos. Apeguemos-nos à fé, "desdenhando as consequências".
Nenhum comentário:
Postar um comentário